04/07/2013 15:46
Falar sobre Itamar não é tarefa difícil. Dificil é constatar sua ausência.
Dificil é não ouvir sua voz firme e direcionada em defesa do seu país.
Dificil é não presenciar o seu desassombro contra a injustiça, contra a corrupção, contra a incompetência, contra o desamor ao país.
Lembro-me da surpresa dos jornalistas quando de sua chegada ao Senado em 2011, para assumir sua cadeira, com o andar imponente, seu topete como sempre levantado, com a sua voz , embora com um timbre rouco, forte e enérgica, com o peso de seus oitenta anos, tornando-se o alvo das atenções no plenário daquela Casa.
Em suas primeiras intervenções demonstrava que não estava ali para ser um mero coadjuvante, mas ao contrario , ser um ativo participante com sua experiência e estatura moral que exigia respeito, mesmo daqueles que não comungavam as mesmas idéias.
Da sessão em sua homenagem no Senado, quando de sua morte, permito-me destacar trechos de alguns pronunciamentos:
“ Do Presidente Fernando Collor: Assim, Sr. Presidente José Sarney, Srªs. e Srs. Parlamentares, senhores familiares, ao aquilatar a trajetória e a figura pública de Itamar Franco, restrinjo-me a citar seu principal legado à sociedade brasileira, refletido em duas épocas e duas vertentes distintas: como Senador, sua contribuição ao processo de redemocratização do país ao compor, por dois mandatos consecutivos, a partir de 1975, o grupo oposicionista de resistência ao regime de exceção vivido pelo Brasil até 1985, que teve,a partir daí, como condutor do processo de transição democrática o Exmº Sr. Presidente José Sarney, e como Presidente da República, sua determinação, e acuidade política na implementação do plano de estabilização de nossa economia, que finalmente deu cabo ao processo inflacionário.
Mais uma vez, permitam-me repetir que Itamar Franco foi um amigo e um companheiro inexcedível nos momentos em que militamos juntos na política. Um homem digno, coerente e, acima de tudo, na inquietude positiva de seu temperamento, um defensor intransigente dos seus ideais.
“ De Jarbas Vasconcelos: “eu não ficaria bem com a minha consciência se não deixasse aqui registrado, mais uma vez, o apreço e o respeito que sempre dediquei a Itamar Franco. Os elogios a Itamar Franco jamais serão suficientes para expressar a importância que ele teve para o Brasil contemporâneo. Sua passagem pela Presidência da República o elevou ao patamar de personagem histórico, pois Itamar assumiu o Palácio do Planalto num contexto de crise política e econômica e entregou o País estabilizado ao seu sucessor.Marcados pelo sucesso, os 732 dias que Itamar Franco passou à frente do destino de milhões de brasileiros não foram fáceis, como muitos podem imaginar. A inflação chegou a atingir a absurda marca de 2.700% ao ano. Os planos econômicos já não surpreendiam mais ninguém pelos absurdos promovidos. Numa tentativa de reescrever a história para salvar biografias, surgiram recentemente versões fantasiosas daqueles que querem “faturar” o sucesso do Plano Real. “ Disse mais: Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, no pronunciamento que fiz da tribuna do Senado, logo após o desaparecimento de Itamar, afirmei que sem ele não teriam existido os Governos de Fernando Henrique, Lula e agora Dilma Rousseff. Eu acredito piamente nisso, tanto que fiz questão de repetir essa afirmação neste novo discurso em homenagem a Itamar Franco. E gostaria de ir mais longe ainda: a estabilidade econômica brasileira – que tantos hoje defendem – tem apenas um pai e ele é Itamar Augusto Cautiero Franco.
Pedro Simon “A imprensa, hoje, começa a fazer justiça à figura de Itamar Franco. O seu jeito, eu diria, rude e a sua maneira, eu dizia, quase áspera de fazer política fizeram com ele nunca tivesse um atendimento especial com a imprensa, nunca tivesse uma
preocupação em aparecer. Na hora em que tinha que expor um programa, fazer uma apresentação de obras do governo, ia o Ministro Gasto do Itamar com publicidade, do Governo dele: zero. Zero. Propaganda onde aparecesse Itamar se expondo e expondo seu Governo: zero. Esse era o Itamar Eleito, ou melhor, quando assumiu, a primeira coisa que ele fez – a rigor, dá para dizer, embora a imprensa nunca publique – foi um pacto de Moncloa. Ele, na Presidência, reuniu todo mundo, todos os Presidentes – lá estava o Lula, lá estava o Brizola –, todos os presidentes de todos os partidos, colocou o Ministério como se fosse uma banca escolar e disse: Eu não sou Presidente pela vontade do povo. Quem decidiu foi o Congresso Nacional. Então, quero dizer que a responsabilidade pela condução é minha, mas a decisão de como fazer é de todos nós. Eu convido todos para governarmos juntos e quero estabelecer um pacto agora. Essa reunião é permanente. Em qualquer momento que houver uma crise, que eu ache que seja necessário, eu quero ter o direito de convocar. E qualquer presidente de partido que está aqui, o menor que seja, que acha que tenha um problema sério a ser enfrentado, convoque que vamos discutir. Disse ainda: “Eu desafio um Senador que diga que para votar um projeto o Itamar fez uma exigência, precisou nomear uma pessoa, uma emenda ou coisa parecida. Eu desafio. Quero que digam qual é a vez e qual foi a situação com qualquer parlamentar: olha, tem esse caso aqui, tem um negócio ali, vota conosco e tu vai ganhar isso, e tu vai ganhar aquilo. “
Não precisamos dizer mais nada. Eu tenho orgulho de ter convivido e trabalhado com esse HOMEM..
Excelentes as matérias postadas