ABANDONANDO O BARCO

 

Diz à matéria que “mais da metade de estudantes do curso de engenharia desiste do curso”. Segundo a mesma matéria o Brasil forma 45 mil engenheiros por ano para atender a um mercado que chega a 70 mil.

A grande questão é saber desses 45 mil, quantos estão realmente capacitados a enfrentar os desafios. Há muitas críticas quanto ao processo de formação, no que tange aos currículos e sistema de ensino.

Na matéria do Correio Braziliense o consultor da Hoper Educação, Romário Davel diz “Temos um currículo com conotação muito forte na matemática e nenhuma sinergia com a profissão. O aluno fica dois anos estudando sem nenhum contato com a área profissional. Ele vai com uma sede muito grande de vivência e fica só na teoria” Comenta ainda que as nossas universidades possibilita a formação de um engenheiro técnico e não de um engenheiro gestor.

Para o consultor da CNI Roberto Lobo há risco de que a evasão de alunos continue porque “Se as pessoas que entrarem continuem com a péssima formação que temos atualmente nas matérias de cálculo, só teremos um aumento na taxa de evasão nos próximos anos”

Já o reitor do ITA, instituição de ensino de excelência, mas de ingresso dificílimo em face das exigências curriculares, Professor Carlos Pacheco: “o aumento no numero de alunos ingressando nos cursos é bom, mas o problema não está resolvido. É preciso ter uma política pública de formação, sim, mas até as pessoas conseguirem aderir a um projeto como esse pode demorar sete ou oito anos. Só que o mercado não espera…”.

Estou aproveitando para repercutir essa matéria para mostrar o quanto de arcaico se encontra o ensino nesse país.

Mas podemos ainda elencar problemas em todas as áreas.

Não fosse a precariedade na formação não precisaríamos ter o “famigerado” Exame de Ordem, ministrado pela Ordem dos Advogados do Brasil, em que se exige uma prova de capacidade para que um bacharel em direito possa exercer a sua profissão obtendo o seu registro profissional. É claro que em princípio parece um absurdo tal exigência para quem foi diplomado por uma Faculdade após seis anos de estudo. Mas a resposta está no baixo índice de aprovação. E o pior, mesmo dentre os aprovados, que são sabatinados somente em conhecimentos jurídicos, encontramos, na prática, redações que agridem de uma forma grosseira a nossa linguagem. Pelo andar da carruagem o ensino da Língua Portuguesa vai se tornar matéria optativa.

Quantos médicos são formados sem condições de iniciar de imediato o exercício profissional, por lhe faltar conhecimento prático. Agora o governo lança um programa exigindo um estágio prático supervisionado junto ao SUS para que o formando possa ser realmente diplomado. Houve uma revolta generalizada no setor, já parece que apaziguada com a equiparação desse estágio a uma residência. O fato é que temos um déficit significativo de profissionais em diversas áreas, talvez motivado pelo excesso de especializações ou mesmo pela precariedade na formação.

Em que se leve em conta a modernidade, não podemos desprezar uma época em que os médicos eram basicamente clínicos gerais para depois se especializarem. Hoje, já saem da faculdade especializados o que limita muito o atendimento das exigências sociais.

O argumento da classe médica, através de seus órgãos representativos, no tocante á localização do profissional no interior do país, é de que não há condições para o exercício profissional por falta de estrutura.

Temos quatro mil municípios no Brasil. Será que poderíamos ter quatro mil hospitais? Um para cada comunidade?  É claro que o que se postula é que haja o profissional para o pronto atendimento, e esse é o clínico que está se tornando espécie em extinção…

E assim ocorre em todas as áreas..

Quando vemos nas ruas o grito de alerta em pról da educação precisamos entender o conteúdo desses protestos. Não é um chavão. É o desespero da evidência do despreparo para enfrentar os desafios da vida. São os professores exigindo salários condignos para ministrar as aulas e alunos protestando contra os precários ensinamentos. A professora que eu tive nos meus tempos escolares não deixou herdeiros, não existe mais.

Lembro-me da marchinha carnavalesca “o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”, trocando as palavras “saúva” por “incompetência”.

Leia mais: http://www.dohargreaves.com.br/news/abandonando-o-barco-correio-braziliense-de-4-08-/
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Excelentes as matérias postadas

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