Continua o Poder pelo Poder

 Repercutindo a fala do Ministro Joaquim Barbosa escrevi um ensaio a respeito dos partidos políticos intitulado O Poder pelo Poder. Nele, retroagindo aos tempos de Getúlio Vargas trouxe uma resenha das ações partidárias até os nossos dias, o que, aliás, não foi nada agradável de constatar.

Hoje, analisando as matérias na imprensa política, vemos que vamos de mal a pior.

Com a antecipação do pleito de 2014, cujos preparativos somente se esperava se dar no inicio do ano eleitoral, mas que se precipitou por várias razões, fez com que as pesquisas de opinião pública também se antecipassem e em virtude disso o quadro entrou em ebulição. Os candidatos surgem de acordo com a cotação da Presidente Dilma.

Funciona como um pêndulo de Chevril, ou seja, de acordo com a tendência, se favorável ou não. É a aplicação da lei da oferta e da procura. Aumenta o índice de aprovação da Dilma o numero de candidatos cai. Se diminui, o numero de candidatos aumenta.

Temos hoje então como quase certa a candidatura dela, Presidente, embora o seu partido ajude a deixar dúvidas.

Aécio oscila dentro do PSDB, que em virtude da dissidência de Serra, sofre uma imediata repercussão. Além disso, mais de 20% de rejeição é significativo, embora esse índice seja por ser ainda desconhecido em várias regiões. Vale registrar ainda que talvez não tenha sido vantagem para ele, ter se lançado candidato antes de uma harmonização do partido e assumir a sua Presidência, pois recebe toda a carga decorrente de denuncias contra membros da agremiação.

Eduardo Campos, cauteloso, com boa aceitação, também Presidente do seu partido, mas com a vantagem de o PSB não ter sido alvo de escândalos, aguarda paciente o desenrolar dos acontecimentos para se declarar. Destaque-se o fato de uma situação bem mais confortável, pois está em condições de ser candidato se a Presidente não se consolidar, ser candidato a Vice Presidente se a candidatura dela se consolidar e simplesmente ficar como coadjuvante influente no pleito, sem nenhum desgaste.

Marina Silva, vivendo um período de uma vantagem artificial nas pesquisas, pois muito decorrente de um momento emocional das ruas, com uma indefinida filiação partidária, diante da tentativa da criação de um partido próprio, com um único foco, do meio ambiente, sucedendo o seu Partido Verde, e que até o momento não obteve o seu registro.

Além desses surgem outros cinco ou dez participantes meramente midiáticos.

A questão principal e que motiva esse nosso estudo é a questão partidária.

Vemos noticiado que no PSDB surge a ideia das prévias que em 2010 foi proposta por Aécio e rejeitada por Serra e que agora vem pelas mãos de aliados a este. A tendência é que se Serra não conseguir por em prática esse objetivo ou se, realizado não obtiver êxito se transfere para outro partido para concorrer.

Vemos também que Marina poderá não conseguir o registro em tempo hábil e nesse caso já estaria pensando em novos pousos, como o PPS, para concorrer.

Voltamos então ao meu estudo do Poder pelo Poder, onde mostro que as ideias, a filosofia partidária, a ideologia, tudo isso sucumbe pela ânsia de assumir o poder. Já afirmei também que é evidente que um dos objetivos de um partido politico é o Poder, pois caso contrario seria um mero grêmio literário cultural, mas respeitados os limites da ética e coerência partidária sem se transformar em partidos de aluguel.

Se Serra é um dos fundadores do PSDB e professa sua ideologia e programa partidário coerente com que ajudou a implantar, como vai se alojar em qualquer outro para obter a indicação para uma candidatura?

Qual a identificação de Marina com o PPS ou qualquer um outro que não tenha como estrutura ideológica os mesmos princípios por ela professados? E se tem, porque não se filiou a ele ao invés de tentar criar um outro, correndo o risco de não conseguir pelo tempo exíguo?

E quantos partidos dariam tudo para ter o Ministro Joaquim Barbosa como filiado para lançar o seu nome à candidatura, o que seria um desastre em vista de sua aversão completa aos políticos?

E pelo lado dos partidos, qual a conveniência de lançar uma candidatura cujo titular somente a ele se identifica para essa indicação?

Tanto é verdade que vemos noticiado que os partidos estão na espera das decisões para saber que rumo segue.

O PSDB supostamente de oposição buscará o seu caminho dentro de seus quadros.

O PMDB hoje tem o Vice Presidente, mas se perder essa posição, parte para candidatura própria ou coligado com outra oposta ao Governo do qual hoje participa com um grande numero de Ministros e quadros na administração.

O PDT, PPS, PP e todos os demais esperando o desenrolar para se aliar ou receber candidatos prontos e embalados como um embrulho de presente.

Por isto essa descoordenação entre o governo e sua base de apoio, que na verdade nunca foi aliada, mas apenas sócia como em um empreendimento. Uma adesão que não tem como base um alinhamento, mas apenas um investimento. E como o titular, outrora candidato, agora Presidente, não tem nenhum compromisso ideológico com aqueles que o lançaram, e não atende os seus propósitos e anseios, dá-se o conflito.

Finalmente é lamentável constatar que a tese continua cada vez mais viva o que se busca é o PODER pelo PODER e nada mais…


Excelentes as matérias postadas

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