Quero falar da desilusão dos tempos modernos permitindo-me servir de exemplo a minha cidade de Juiz de Fora, mas que se aplica a todo o país.
Lembro-me dos bons tempos de mocidade… Tempos em que tínhamos ícones nos diversos ramos de atividade.Na indústria têxtil, os Mascarenhas, Moraes Sarmento, Industrial Mineira, Celso Rodrigues,Meurer, Santa Cruz,Nicolau Schuery, Bady Salim, Sffeir, Simão Gabriel, Firjam, enfim uma parque de respeito que virou pó com a morte dos empresários que não deixaram herdeiros capazes ou interessados na continuidade do empreendimento.
No beneficiamento e comercialização do mármore, os Frateschi, na construção civil os Arcuri, no cimento armado João Daldegan cujos filhos Joãozinho não continuou com o negócio, Dino veio para Brasília, Vitório não se dedicou ao ramo e entrou e foi bem sucedido na política, elegendo-se vereador da cidade, as filhas casaram-se com pessoas pouco interessadas e com isto a fábrica também fechou.
Nas artes gráficas, saudosa Dias Cardoso…
A cidade que contava com um crescimento contínuo passou a “inchar”. Isto é, deixou de ser um grande centro produtivo e passou a ser uma cidade de serviços, para atendimento á região. Com isto o comércio floresceu e tem uma presença ativa com a continuidade das lojas tradicionais criadas e mantidas pela comunidade árabe de muita influência na cidade, ameaçadas pelos Shoppings que têm o seu valor de progresso, mas, que não atendem totalmente a todas as faixas consumidoras.
Éramos uma população localizada no centro, bairros Bom Pastor, Passos e São Mateus, Cachoeirinha e Serrinha ao sul. Jardim Glória, Mariano Procópio e Fábrica ao norte. Manoel Honorio, Grajaú e Bonfim à Noroeste, Vitorino Braga, Linhares, Costa Carvalho e Poço Rico á leste, na região oeste tínhamos a colonização alemã e italiana povoando os Bairros de São Pedro e Borboleta, que com o decorrer do tempo foram invadidos principalmente pela rede de alimentação e provocando o surgimento de bairros novos na Serrinha, na região da Universidade e do Aeroporto. Com a expansão a cidade perdeu grande parte do aconchego que existia. A Rua Halfeld perdeu a condição de local onde os amigos se encontravam (na época existiam amigos… que foram substituídos por conhecidos ou companheiros) o famoso footing que chegou a ser realizado ao final das tardes de domingos pela Avenida Rio Branco em que os jovens caminhavam em idas e vindas em busca de uns flertes que se bem sucedidos acabavam com ida à matiné ou nas tarde dançantes promovidas pelos Diretorios Acadêmicos das Faculdades (Medicina no Palace Hotel com o conjunto dos futuros doutores Rubinho e sua irmã Edmeia, Hélio Costa no Piston, Direito no Circulo Militar….) ou mesmo na Lanchonete do Excelsior…
Onde está tudo isto? A modernidade absorveu… Vão me chamar de saudosista, conservador…Sou mesmo e com muita alegria de poder lembrar de uma vida bonita que não volta mais.. Na verdade tenho saudades das enxurradas na Rua Moraes e Castro para onde nós, meninada, corríamos para andar descalço tão logo parava a chuva.. Não havia violência, os jovens quando um pouco mais ousados partiam para extravagâncias que não feriam ou prejudicavam ninguém. Não existia o consumo de drogas. No carnaval, o lança perfume chegava a ser cheirado, mas não atingia o estágio do vício. coisa momentânea…
Havia bailes, com orquestra em que a moçada comparecia em massa, bem trajada e com um comportamento respeitoso e até cerimonioso.
Hoje, vemos a presença de convidados a um casamento, de bermuda e sandália japonesa… e o que é pior com semblante de arrogância…
Mas qual é o problema, vão dizer… Claro que não há problema pois os professores vão assim ministrar as aulas…Você visita uma sala de aulas do primário ao curso superior, muitas vezes não sabe diferenciar o aluno do mestre…no que se refere à apresentação e o comportamento, e o que é pior, até em termos de conhecimento..Através da informática tem-se acesso a uma atualização de grande velocidade. O problema está na forma da transmissão desses dados que às vezes necessitam ser tecnicamente manipulados para um bom e sadio entendimento, aos quais nem sempre há capacitação para fazer.
Estamos vivendo, isto sim, uma fase de transição (antes seja…) em que os valores morais e éticos são desprezados e sem nenhuma sinalização da existência de uma luz no fim do túnel.
Assim, não precisamos gastar muito raciocínio em procurar a origem das manifestações delinquentes sem sentido e com um único intuito de depredar, de destruir e o que é pior, em nome de direito de cidadania que há muito tempo já se extinguiu.
É uma pena..
Sou saudosista e conservadora tambem,Quinhavo…e que alegria poder ler as lembracas e recordacoes (que sao minhas tambem) de uma vida tao bonita que nao volta mais…chorei, amigo inteligente e sensivel…Um forte abraco saudoso para voce e a Heloisa Helena.
Querida amiga,
Eu sabia que vc iria curtir essa materia, pois afinal lembra os nossos tempos.. Quando escrevia e falei no Sr João, veio à minha mente D. Tereza Baldacci sua avó, Laura sua mãe, Zizi querida sua tia, Silvio seu tio e o Gastão, seu tio e sempre alegre, todos, e claro, seu pai Vitório.. Todfos vivos na nossa lembrança.. Que bom que vc viu e gostou.. quanto ao choro faz parte.. Abs
Bons tempos mesmo, querido amigo…Lendo com muita alegria a sua resposta. tambem veio em minha mente todos os seus,inclusive seu pai Raimundo Hargreaves,pessoa queridissima,amigo leal, inteligentissimo um grande homem e um grande politico…
E como nao poderia esquecer , a minha querida amiga de infancia Heloisa Helena e nossas brincadeiras…Feliz uniao, casal perfeito…Um grande e saudoso abraco para os dois,esperando um dia reve-los.
P.S.Adoro o seu Blog,inteligente,sensato e verdadeiro.
O tempo vai passando , a velhice chegando e a sensibilidade aflorando mais do que o normal e quantas vezes as lágrimas brotam . Hoje,ao ler seu texto a emoção calou fundo…. Saudades da terra , dos passeios, das sessões de cinemas, Central e Palace, das tardes de bailes nos DAS , os bailes e carnavais nos Clubes Juiz de Fora , Bom Pastor Sport e Círculo Militar … Um passado gostoso que alicerçou tantos momentos prazerosos e de tantas alegrias onde tudo era festa … Passado sem cobranças e gosto de quero mais … Mas se foi e cá estamos a recordar . Grata demais pelo presente nesta tarde especialmente nesta época tão conturbada no Pais . E o que nos resta… Assistir a esta delinquência desenfreada que nos causa angústia pela ausência de valores … Isso amigo … Meu bj para vc e Heloisa