Tive uma infância bastante saudável e divertida pois, vivendo em época em que, em minha cidade dificilmente se falava em crimes, muito menos hediondos.
Um assassinato era um evento importantíssimo e digno da atenção de toda a população.
Eu, contando oito anos,ia para o Colégio Santos Anjos das Irmãs Carmelitas, de bonde ( para os que não sabem bonde era um veículo elétrico sobre trilhos), saindo do bairro onde eu morava e sozinho. Minha mãe me entregava para o motorneiro ( era quem guiava) e este, quando passava defronte ao colégio, parava o bonde me dava a mão, parava o trânsito e me atravessava a rua para ser entregue à Freira da portaria. À tarde na hora da saída, parava novamente o bonde atravessava a rua e nos buscava, a todos, que íamos para o mesmo destino, onde as mães ficavam esperando a entrega bendita. O importante é que não se tratava de transporte especial, era o que transportava os passageiros diários que não levantavam um dedo para protestar contra aquele ritual. Era tudo muito natural. Esse era o ambiente que vivíamos em Juiz de Fora, cidade de grande porte, denominada a Manchester Mineira em face do grande numero de industrias…
Porque sinal dos tempos, título escolhido para este ensaio?
Para mostrar que os tempos mudaram para pior. O modernismo patrocinou o pior. Os valores morais e éticos simplesmente desapareceram. Somos, de minha geração, retrógados porque saudamos e advogamos aquele tipo de vida.. Em qualquer cidade, por menor que seja, não há a hipótese da mãe entregar o filho ao motorista do ônibus urbano para ser deixado na porta do colégio. Primeiro, porque ele não pega. Em segundo lugar a revolta dos passageiros porque está demorando. Em terceiro lugar porque se ele se aventurar a parar o trânsito para atravessar a criança é capaz de ser atropelado.E em quinto lugar porque ela jamais entregará a criança sob risco de estar oferecendo a guarda a um possível pedófilo ou sequestrador.
Para nós, as crianças de ontem, que andavam de bonde, assistimos uma outra realidade, completamente diversa da que víamos em nossa casa e nas ruas.
Hoje, não há discussão serena, debate sobre ideias, não se postula, ao contrário, ameaça e agride.
Quando alguém ou grupo deseja alguma coisa, ao invés de procurar o ambiente próprio para a demanda do seu objetivo, vai para a rua e deita no chão, atravancando o trânsito e impedindo que outros tão cidadãos como eles, possam chegar em casa para o merecido descanso. Se não estão satisfeitos com o atendimento, se passageiros, pela escassez de veículos, por exemplo, vão às ruas para queimar os ônibus diminuído ainda mais a frota que é condenada por ser diminuta. Se não têm a casa própria saem invadindo imóveis de terceiros ou do governo. Se não têm imóvel rural para plantar, invadem as fazendas e a sede do Ministério da Agricultura e se possível quebram os vidros das portas. Se professores, porque ganham pouco vão às ruas com apito de juiz de futebol na boca, gritando palavras de ordem, e se misturando com a parcela que se propõe a promover a quebradeira..
Esse é o quadro que estamos preservando para entregar aos nossos sucessores… será que eles sabem que vai ser assim? Creio que não porque já ouví a frase “ cara, até lá tudo muuuuda”.
Que muuuda, muuuda, mas que tipo de mudança???
Excelentes as matérias postadas