Meu amigo.
Um dos melhores vultos politicos que conhecí. Austero, educado, culto, patriota, democrata e dono de um senso de humor invejável.
Após muitos anos sem ter um contato direto, pois, afastando-se da política se recolheu ao Ceará sua terra querida, pouco antes de sua morte tive a felicidade de localizá-lo, por telefone, e conversamos por quase uma hora tomado de pura emoção.
Hoje, por acaso deparei com uma entrevista concedida a João Soares Neto, com os seus oitenta anos em que me faz lembrar de sua verve contagiante. De inicio diz ele:
” Nos meus oitenta anos nunca imaginei responder perguntas sobre mim mesmo. Lembro-me sempre que a um Lorde inglês indagaram como havia chegado tão rápido àquela posição, eis que só tinha cinqüenta anos. A resposta foi: “Falando muito das coisas, pouco das pessoas e nada sobre mim mesmo”.
Mas eu digo, por ele. Na Câmara dos Deputados, tomou o partido do General Sylvio Frota que se lançava candidato a Presidente da Republica contra a vontade do Presidente Geisel. E ainda assim, de forma desassombrada unido a um grupo de 150 deputados não se escondia, ao contrário, se expunha com uma coragem, que para muitos se comparava como uma aventura impensada, mas assumia e dizia o que pensava.
Amava sua terra como poucos.
E nas minhas andanças encontro também um artigo escrito por um jornalista Antonio José de Oliveira, afilhado de casamento de Marcelo Linhares, que com justiça se revolta pelo fato de o Ceará não ter homenageado esse seu filho, da forma que merecia. Na realidade a unica menção pública à sua lembrança foi dar o seu nome para denominar um elevador do Instituto do Ceará. Diz ele:
“O presente artigo pode ser banal para muita gente, porém não o é para mim, ao ler, numa coluna social, que o Instituto do Ceará – diga-se no último dia 9, com algumas inaugurações, denominou de Marcelo Linhares o elevador da retrocitada instituição. O fato causou-me espanto. Afinal, na minha modesta opinião, a honraria não condiz com o que representa, para o Ceará, a figura humana de Marcelo Linhares……. não me conformo pelo fato de que mereceu, apenas, ter seu nome lembrado num mero elevador.”
Nem eu, que nem sou cearense.
Mas, no momento dessa reminiscência, tenho sempre presente em minha lembrança, além de outros bons ensinamentos, uns versos que Marcelo sempre recitava quanto via a ignorância nadando de braçadas. Versos cujo autor ele mesmo desconhecia:
” Falando de teimosia Entre a rudeza e arrogância É tão grande a ignorância Tão cruel e tão mendaz Que a própria sabedoria Que de tudo sabe um tanto Não pode seu do quanto A ignorância é capaz….
Que bom se a classe política do nosso país fosse formada por muitos dessa estirpe…
Henrique
Lindas suas postagens, oportunas, vale um livro…. sei sua velha propaganda;
Abraços,
Obrigado mais uma vez pela sua presença e comentários. Abs