Prestei concurso publico para os quadros da Secretaria da Câmara dos Deputados em 1961, em prova realizada no Palácio Tiradentes no Rio de Janeiro. Eram cinco mil candidatos para duzentas vagas. O grau de dificuldade era tão elevado que com média de 79 pontos em 100 fui classificado em 72º lugar.
O exame era realizado em Brasília e no Rio de Janeiro, centralizado em Brasília, com transmissão via rádio coordenado pela Diretora da Taquigrafia Dona Nayde Figueiredo da para mulher de fibra, direção segura e altamente respeitada e prestigiada pela Administração.
Então, ainda muito inseguro quanto ao passo que dava para um futuro desconhecido, sair de Juiz de Fora para Brasília e para trabalhar diretamente no ambiente politico, deixando os rigores da vida militar, fiquei surpreso com um fato ocorrido no inicio da realização dessas provas.
Ao comunicar, solenemente o inicio do exame, ouvimos Dona Nayde com a autoridade que lhe era conferida, determinar: “Senhor Primeiro Secretário Deputado José Bonifácio, por favor, retire-se do recinto onde os exames serão realizados, a partir deste momento.” Ora, tratava-se da maior autoridade da Administração da Câmara além de seu Presidente.
Foi o primeiro sinal que tive da seriedade do trabalho para o qual eu me candidatava. E assim foi durante todo o período em que lá estive.
Ninguém ingressava no quadro de funcionários da Câmara sem enfrentar um concurso difícil, rigoroso e idôneo. Que o digam dois deputados, no exercício do mandato que se interessaram pelo emprego e foram reprovados. As provas eram formuladas por servidores da Casa especializados nas matérias, inacessíveis a qualquer tipo de manipulação e com a garantia de total independência. Digo de cadeira, pois mais tarde tornei-me examinador na área regimental sem jamais ter recebido qualquer tipo de recomendação referente à formulação das questões.
A composição da Câmara era de 409 deputados contra os quais não me lembro de ter ouvido acusação formal de corrupção. E depois o governo militar, a mesma forma. As cassações, em sua maioria eram politicas. E mesmo após a abertura politica não se viu falar em falcatruas praticadas por Ministros daquele período. Falava-se muito das repressões, mas, nada de corrupção.
A grande ansiedade era pela devolução do poder politico aos civis e retorno dos militares aos quarteis. Mas será que era para isso que está aí? Afinal, o fim da era militar no poder se deu em 1986, portanto, há 29 anos, tempo este muito pequeno para uma transformação tão grande na vida de um país.
A degradação moral na sociedade se tornou regra quando deveria ser exceção. A cidadania tornou-se irrelevante diante dos novos costumes ou na falta deles. Perdeu-se o respeito à dignidade humana e o pior é que a imensa maioria disso não se dá conta sentindo-se bem nessa situação deprimente.
Ouvi uma expressão bastante significativa por parte de um general Comandante do Exército quando com ele comentava o assunto. Diz ele “doutor, o povo perdeu a cerimônia”. Realmente é verdadeira essa afirmação. Não existe mais cerimônia para roubar, matar, mentir, usurpar, trair ao mesmo tempo em que há cerimônia e muita, para trabalhar, respeitar e exercer a cidadania em toda sua plenitude.
Mas, sempre fui otimista e tenho esperança de que outros tempos virão, fora desse contexto da falta de alternativas, pois se por um lado há uma situação pré-calamitosa para se contrapor, por outro lado nada mais há que vestais paridas que em nada contribuem para a solução dos problemas e só tem em mente o poder pelo poder.
Mas continuarei torcendo pelo sucesso e crente que ele virá, ainda que eu mereça ganhar um busto com a epigrafe de “O idiota”.
isto mesmo, la no DNOS, ERA UM RESPEITO A TUDO QUE EU ATÉ TINHA MEDO, DEPOIS MUDOU TUDO ,JUIZ DE FORA PERDEU A DIRETORIA E AQUI FIROU RESIDÊNCIA, E O SR. COLLOR EXTIGUIU MAIS TARDE!!!!OTIMA POSTAGEM UM ALERTA VALEU BEIJO PARA HELOISA E VC.
Se o seu sera ,qual sera o meu???????