Dentre as inúmeras citações feitas pelo ex Presidente FHC, em seu Diário (vol.1) destaco a sua duvida sobre o posicionamento do Dr José de Castro Ferreira, ex advogado da União do Governo do Presidente Itamar Franco, que entendia que nenhum de nós, integrantes daquele governo, deveria participar do dele.
Em verdade, não se tratava de qualquer restrição à pessoa do Presidente, mas unicamente em função da sua turma ( designação utilizada por FHC). Eram realmente pessoas muito difíceis e que não se sentiam como sendo nossos aliados apesar de ser publica a participação fundamental de Itamar na eleição de Fernando Henrique. Mas em Minas também foi assim, demonstrando que se trata de DNA.
Permito-me destacar os problemas causados pelo então Ministro Sérgio Mota, que surge nessa obra, a todo momento, criando dificuldades para o Presidente, apesar de sua amizade quase fraterna.
Passagens com a minha participação:
Aceitei o convite do Presidente Fernando Henrique para a Presidência dos Correios, vinculado ao Ministério das Comunicações. Marcada a data da posse, a presença maciça do Congresso já confirmada fui surpreendido uma hora antes da solenidade com a informação de que o Ministro Sergio Mota havia enviado para publicação no Diário Oficial, alteração do Estatuto da Empresa retirando as principais funções do Presidente em favor do Vice Presidente que era um indicado seu.
Imediatamente comuniquei a quem de direito no Palácio do Planalto que eu não compareceria à solenidade e que não aceitaria mais a indicação para aquele cargo. Verificado que se tratava de iniciativa pessoal do Ministro, foi transmitida ordem expressa para a revogação desse ato. Esclarecida a questão fui empossado em uma solenidade prestigiada pelos Presidentes das duas Casas do Congresso, das lideranças e grande numero de Deputados, o que desagradou profundamente o Ministro que não gostava de presenciar prestígio alheio.
Na primeira reunião com os Presidentes das Estatais vinculadas ao seu Ministerio: Correios, Telebràs e Embratel, ao iniciar assim se manifestou:
” Os senhores devem agradecer de estar vinculados a um Ministro como eu, que mando nesse Governo.” Em seguida passou a fazer referências pouco louváveis às pessoas do Ministro José Serra, do Planejamento e do Clóvis Carvalho da Casa Civil. Nós, apenas nos entreolhamos. Dando sequência às suas eloquentes lorotas referiu-se ao Presidente do Senado José Sarney, mas antes que fizesse qualquer referência, pedi licença para me retirar por ter participado do governo desse ex Presidente, na Casa Civil e que não me sentiria bem. Interrompeu o tiroteio e me pediu para ficar.
Em uma viagem, creio que à nascente do Rio São Francisco, fui convidado para viajar no avião presidencial no qual não se encontrava o Ministro. Em meio da viagem o Presidente FHC teve um gesto de cortesia me convidando para ir á sua cabine quando tratamos de alguns assuntos, inclusive referente aos Correios. Dois dias seguintes fui chamado ao Ministério para tratar de alguma questão administrativa, quando na verdade era para me questionar por ter conversado com o Presidente da Republica sem sua autorização. Respondi que a sua reclamação deveria ser encaminhada ao próprio Presidente que me convidou como seu colega de Ministério no Governo do Presidente Itamar.
Posteriormente, quando me exonerei do cargo e fiz questão de entregar , ao Presidente, certidão negativa da Receita Federal e de aprovação unânime das contas do meu período pelo Tribunal de Contas da União, lhe relatei esses fatos acima citados, quando então com sua postura sempre elegante, sem ter dito nada, demonstrou sua reprovação.
É apenas uma demonstração dos tipos de trapalhadas mencionadas nos Diários da Presidência.
M a r a v i l h a!!!