Agora, sim, acabei de ler o livro todo.
Conclusões:
Com muita sinceridade e coragem o ex Presidente Fernando Henrique Cardoso oferece para a história política do país um rico documento em que, dando nome aos bois, sem restrição alguma, relata as práticas da politicagem que emperra o nosso crescimento e que personagens, os mais inesperados, sem nenhuma cerimonia, ao invés de demonstrar espírito público se prestam ao clientelismo e chegam a impedir o funcionamento das Casas do Legislativo por conta de questiunculas relativas a nomeações nos órgãos públicos. O lado positivo é de que com sua formação e personalidade conciliadora, conseguiu contornar esse emaranhado mesquinho, sem transigir com os princípios éticos e morais preservando sempre o interesse público.
Por outro lado vemos que nesse primeiro ano de mandato esteve o Presidente da República a separar briguinhas dentre os membros da equipe econômica, povoado de estrelas e de vaidades, incluindo vazamentos de informações importantes e consertar inconveniências praticadas por amigos íntimos integrantes do Governo. O importante, no entanto é que embora isso tenha contribuído e muito para a paralisia do Governo, a garantia da solidez do Plano Real impediu o retrocesso,
Conforme seu próprio relato foi uma período sem maiores avanços, inclusive visando a Reforma Administrativa que acabou não se concretizando por falta de consenso dentre os membros de sua equipe.
Mas, serve de alerta deixando bem claro e evidente as causas do emperramento do país pela pobreza da classe política e a precariedade do nosso sistema politico-eleitoral;
O pior é que esse quadro não é um privilégio de FHC. Foi assim com Sarney, com Itamar e agora com Dilma.
A diferença é que Sarney cumpria um mandato logo após a abertura política e eleito numa aliança no Colégio Eleitoral e sem uma oposição mais sólida embora combatente na figura do MDB.
Itamar cumprindo um mandato tampão decorrente do impeachment do Presidente e tendo montado uma equipe ministerial à revelia das legendas partidárias, mas em sua maioria congressistas integrantes dos principais partidos não enfrentou uma oposição consistente, composta principalmente pelo PSDB, PT e PFL que se postava de forma pendular.
Agora, vemos uma oposição meio comandada pelo PSDB inconformado com o resultado das eleições e focando sua ação na impedimento da Presidente, visando recuperar o Poder sem se ocupar dos assuntos do Governo e reforçado pelo próprio PT em briga por espaço e o PMDB como sempre no jogo duplo, procurando obter unicamente as benesses do Poder sem se comprometer com os ônus dos desgastes presidencial. O desmantelamento dos focos de corrupção, embora não tenha sido comprovado até o momento nada que atinja a Chefe da Nação, conturba e paralisa causando a inércia a que estamos submetidos.
De qualquer forma continuo conclamando a todos que leiam esse documentário que demonstra claramente que tudo que ali está sempre foi assim, está sendo assim e será assim se reformas drásticas não ocorrerem.
Hoje vivemos uma crise de desmoralização do Estado, As instituições demonstram que são realmente fortes mantendo-se apesar dos abalos que já sofreram e esperam da sociedade uma ação mais vigorosa de modo a respaldar com o que for necessário para a recuperação e crescimento do país.