REPUBLICAÇÃO NECESSÁRIA

Há oito meses passados postei a materia que vou me permitir republicar sob o título ” E agora? “. Passado todo esse tempo estou publicando o ” E agora, José?”.

É incrível verificar que se eu tivesse simplesmente copiado a anterior não precisaria escrever uma nova, porque nada mudou….

” Estamos caminhando para um túnel que pode estar aberto ou fechado ao final, dependendo do desenrolar dos fatos, também pendentes da responsabilidade, do bom senso, da sinceridade, pouco prováveis, dos personagens.

Passadas as eleições, esperava-se que cada um, como no jogo de futebol, fosse para o respectivo vestiário analisar os erros cometidos, por parte dos perdedores e comemorar os feitos por parte dos vencedores, preparando-se para as novas jornadas. Esse é o caminho lógico da disputa.

Mas, não foi o que aconteceu.  Assistimos, por parte dos perdedores, a construção do caos, a torcida pelo insucesso, à busca do Poder, seja lá por qual caminho, sem pensar em um só momento nos problemas do país.

Os vencedores comemorando o que não tinham na realidade para comemorar, a não ser a vitória eleitoral sem um rumo delineado para enfrentar a grave crise para a qual caminhamos a passos largos, continuando à base dos improvisos e dos conchavos políticos.

Enquanto isso, paralelamente, as operações policiais investigando assaltos ao erário público, justamente por quem deveria estar cuidando dele, com a participação das grandes empresas responsáveis pela reconstrução do país e a desesperança assombrando a sociedade que tudo vê atônita, os Poderes da Republica caminhando à deriva como um navio fantasma.

Ao proceder a essa análise, não posso deixar de transcrever um texto primoroso de um jornalista Ivan Iunes do Correio Braziliense, publicado na edição de hoje, 20 de julho.

Diz ele: “A relação entre Eduardo Cunha e os presidentes – primeiro Lula, depois Dilma – pode ser comparada à de um marido que tem de conviver com aquele melhor amigo da mulher que, à sombra alimenta mais que amizade”. Um lado sempre trabalhou para sabotar o outro. Devido à mulher que os unia, no caso o poder, a convivência era obrigatória. As aparências foram mantidas, enquanto houve essa possibilidade. O desfecho era previsível. Ao sinal de forte desgaste na relação entre marido e mulher, o tal “amigo” veria a oportunidade perfeita para consumar o bote. Para ter o poder que almeja, Cunha precisaria mais cedo ou mais tarde dinamitar de vez o PT e o governo comandado por ele. O desfecho da história era antecipado por todos os cantos da Praça dos Três Poderes. O problema é que o movimento do peemedebista, impulsionado mais pelo fígado do que pela frieza que sempre o caracterizou, colocou o objetivo final da estratégia, a conquista do poder, em segundo plano.

A denuncia feita pelo delator Júlio Camargo, da empresa Toyo Setal é grave, como é grave boa parte da enxurrada das denuncias que vieram a publico pela Operação Lava Jato. Segundo o executivo o presidente da Câmara dos Deputados teria recebido US$ 5 bilhões em propina no negócio que envolveu a compra de navios sonda para a Petrobrás. O depoimento foi tomado por um juiz de primeira instância, acompanhado pela Polícia Federal e o Ministério Público.” Diz mais: “Tivesse algum controle sobre o que é apurado em Curitiba, o Palácio do Planalto certamente não estaria no atoleiro em que está. Voltar-se contra a investigação, que conta com o apoio da opinião pública, era a briga que Eduardo Cunha não precisava comprar. Mas ele comprou, Passou além da estratégia comum de desqualificar o delator, utilizada por todos os investigados, incluindo Dilma Rousseff.

O parlamentar conseguiu em vinte e quatro horas, atacar Judiciário, Executivo e Ministério Publico. Colocou-se em uma situação de isolamento, certo do controle que exerce sobre o Legislativo. Esqueceu que o próprio Planalto tem dois de seus ministros atuais implicados no escândalo e um terceiro que apanha do próprio partido por não conseguir blindar os aliados das investigações. Errou o alvo da reação e, principalmente, a intensidade dela. Tornou-se o inimigo numero um da lava-Jato. Se a propagada denuncia da Procuradoria Geral da República contra o parlamentar fluminense realmente for efetivada nas próximas semanas, quem vai se arriscar a permanecer abraçado ao deputado federal? Eduardo Cunha fez um movimento baseado no poder que ambiciona ter, mas que ainda não tem. …”

Uma pergunta fica ainda no ar. Onde estava à reação do Presidente da Câmara contra o juiz Sergio Moro e o Procurador Geral Janot quando as denuncias eram feitas contra os outros, inclusive congressistas?

O pior é que a metralhadora é giratória e está atingindo vários alvos que o país não merecia que fossem atingidos. O maior perigo é se ficarmos sem alternativas. Aí, sim é o caos…”

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