Permito-me transcrever o excelente texto do meu amigo e brilhante jornalista ARI CUNHA:
“Mirem-se no exemplo daquelas senhoras
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com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL
Defenestrada do mais alto cargo da República, nem mesmo o tombo majestoso que lançou Dilma Rousseff ao chão, apeando-lhe do poder quase imperial que desfrutava, serviu-lhe de lição para conter o gigantismo de seu ego. Talvez a rudeza de seu caráter ou intelecto pouco ilustrado tenha ofuscado a visão da realidade à sua volta, fazendo-a prisioneira dos próprios limites. Essas restrições pessoais, somadas `ss distorções dos fatos trazidas diariamente por uma assessoria medíocre e amedrontada, turvaram irreversivelmente sua compreensão sobre os acontecimentos que rolavam além das janelas do Palácio do Planalto.
Desorientada pelo desmoronamento de seu mundo, Dilma não se deu conta do término abrupto de sua jornada. Tanto que escolheu para si aguardar na residência oficial do Alvorada o desfecho final de seus dias como chefe do Executivo. Em situações semelhantes, manda a prudência que o melhor é reconhecer a ocasião desfavorável e promover, o quanto antes, recuo estratégico. No caso da quase ex-presidente, o mais sensato seria o retorno para sua residência particular, onde é senhora absoluta de seus domínios. Imporia a si uma espécie de silêncio obsequioso, aguardando, estoicamente, o descerrar das cortinas.
Caso optasse pelo caminho do deprendimento e da abnegação, aguardando com serenidade os derradeiros atos políticos, boa parcela da opinião pública lhe seria solidária. Ao contrário, a escolha infeliz de ir morar no mesmo Palácio dos tempos de fausto passou para a população a impressão de apego desmensurado as benesses do cargo e outras deformidades humanas.
Das muitas imagens que registram os derradeiros momentos de Dilma no Poder, nenhuma é mais ilustrativa do que a foto em que ela e seu chefe gabinete, Jaques Wagner, estão espreitando, com os olhos arregalados, por trás das cortinas do Palácio do Planalto, a multidão crescente e insatisfeita que se aglomerava ali defronte. Situação parecida deve ter ocorrido no longínquo 14 de julho de 1789 na França.
O fato de os Estados Unidos não terem experimentado o regime monárquico, como o Brasil, talvez explique a exigência, naquele rico país, de os presidentes serem obrigados a pagar para ter suas roupas lavadas e passadas. Na Alemanha, a chanceler, Angela Merkel, de longe a mais respeitada líder política da Europa, vai todas as semanas pessoalmente ao mercado fazer compras, carregando suas sacolas, seguindo sua rotina antiga como uma legítima dona de casa.
A rainha da Inglaterra, com todo os salamaleques da função, é vista constantemente cuidando de seu cotidiano com simplicidade. Os 127 anos que nos separam da Proclamação da República ainda não foram suficientes para mudar hábitos herdados e incrustados desde o período monárquico. Agarrada ao que ainda resta de mordomias, bancada pelo cidadão, Dilma demonstra que não aprendeu nada, não esqueceu nada.”
Ao final quero me lembrar e destacar que o Presidente Itamar Franco também arcava com as despesas pessoais, mesmo residindo no Palácio da Alvorada e detestava mordomias. As que foram utilizadas decorriam da obrigação e da liturgia do cargo.
VIVA NOSSO ITAMAR!!!
E não fazia para fazer charme não. Era dele, dos seus principios.