Parece que estou ouvindo, hoje, o discurso de Cícero no Senado Romano..
Não é crível que em pleno século XXI tenha sentido a expressão latina – O tempora, o mores! – significa: “Oh tempos! Oh costumes!. usada por Cícero, famoso orador e político romano, no ano 63 antes de Cristo, para expressar espanto e indignação por uma época decadente e uma situação escandalosa. Em alto e bom latim, Cícero denunciava a corrupção, a deslealdade e a ameaça à sua nação por parte de Catilina, seu antigo aliado político.
O que Catilina tentou em 63 A C. foi, justamente, tomar o poder com o exército, assassinar o cônsul e, no lugar dele, usar seu próprio cargo de cônsul para obter mais poder e riquezas, dando um golpe em todo o Senado. O golpe, no caso, significaria dar riquezas do Estado ao povo em troca de votos. Seu projeto era criar um exército contratando mercenários e camponeses pobres para lutar contra os exércitos particulares e os exércitos do Senado.
Conquistando assim o apoio popular, com distribuição de bens e emprego, Catilina poderia não se tornar Imperator, como o será Augusto Octaviano, mas sim dominar todo o Senado, comprando votos para seus próprios projetos de poder e obter maiorias sem contrapeso. O golpe de Catilina não era para tornar a República um Império, mas sim para transformá-la em uma democracia, sem contrapesos, como nos lembra Flavio Morgenstern em seu belo trabalho sobre a Operação Catilinárias da Policia Federal.
Rui Barbosa, em 1914, em discurso no Senado brasileiro, já tomado de revolta nos brinda com a frase histórica: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.
Nesse final de semana, após assistir as Olimpíadas com espírito elevado, volto à realidade ouvindo o ensurdecedor barulho dos helicópteros das emissoras de televisão e da Polícia Civil do Distrito Federal cruzando os céus do Lago Sul em Brasília em busca de localizar deputados distritais com mandado de prisão em uma Operação denominada Drácon que culminou com o afastamento de toda a Mesa Diretora da Câmara Legislativa de Brasília.
O que vai sobrar?
Já pegaram por corrupção, políticos de todos os níveis e esferas, juízes, ministros de tribunais, todos corrompidos!
O que vai sobrar?
Nós os otários que não tomamos atitudes e assistindo a tudo devidamente acomodados.
Já é hora de ir às ruas pedindo uma Emenda Constitucional suprimindo a representação política em Brasília, recriando a figura do Governador nomeado pelo Presidente da Republica dando ao Senado a incumbência de exercer o Poder Legislativo através de uma Comissão do Distrito Federal.
Esse era o discurso do Presidente da Republica, Itamar Franco.
Em Dezembro de 1962 como orador da turma de Economistas na Faculdade Ciências Econômicas de Juiz de. Fora (MG) com o arroubo e o entusiasmo da juventude, eu dizia: “Como economistas temos o dever de saber que o nosso país necessita efetivamente de reformas de base, inadiáveis, e, em certos setores, radicais. Equivale a dizer que não confundimos os legítimos pregadores dessas reformas com os simples agitadores sociais e principalmente com os exploradores de boa fé e da candura do nosso povo simples, generoso, trabalhador e bom. Ainda como economistas, também nos corre o dever de não aceitar que o Brasil, mercê do grau de desenvolvimento que já atingiu não disponha de condições – auxiliado, sim, pelo Capital e pela – técnica estrangeiros – de recursos próprios para prosseguir no seu desenvolvimento.
Dói-nos entretanto confessar:- E o que não pressentimos da parte de nossas elites dirigentes, pois, isto também aprendemos, que a única fonte honrada, honesta e limpa de riqueza é o trabalho; e um país que possua autocrítica ou aparente possuí-la, não poderá sentir respeitada sua voz no coro de seus pares, sem provas palpáveis de querer efetivamente trabalhar.”
Estamos em setembro de 2016 e nesses aspectos de 63 AC, 1914 e 1962, o que mudou??
Este eu tenho que ler mais, e pensar por onde caminhamos!!