CÉLIO BORJA

O meu ingresso no Quadro de Servidores da Secretaria da Câmara dos Deputados, constituiu para mim muito além do que eu pretendia. Tive oportunidade de conviver diretamente com personalidades as mais diversas e de grande significado na historia do país.

Destaco hoje, o Deputado Celio Borja.

Eu o conheci superficialmente quando empossado participava da Comissão de Constituição e Justiça e pouca atuação em plenário.

Quando assumiu a Liderança da Bancada, no entanto, fui seu assessor direto e então pude conhecer em sua inteireza aquela personalidade forte e amena, de uma educação admirável, elegante em todos os sentidos e rigorosamente probo no trato da coisa pública.

Adstrito aos protocolos sabia exercer com sabedoria e determinação as funções que lhe foram atribuídas.

Bom ouvinte fazia questão de observar as pessoas, independentemente do nível social, e conhecer o pensamento das mesmas sobre os mais variados assuntos.

Às vezes deixava o desavisado em constrangimento pela atenção que dispensava a qualquer comentário.

Um servidor do Gabinete comentava dentre os seus pares que a eleição de Bush nos Estados Unidos poderia não ser bom para o Brasil.

Dr Célio ia entrando em sua sala, voltou e se dirigiu àquele servidor para que ele explicitasse o seu ponto de vista. Em verdade era um mero palpite sem maior profundidade e ele corado confessou o seu desconhecimento de causa, ao que o Líder delicadamente replicou: “Não se preocupe, mas vale a pena estudar esse assunto, pois pode ser que você tenha razão.”.

Sua fala em Plenário era mansa e direta e quando assumiu a Presidência da Câmara o fez honrando o posto e deixando indelével lembrança de sua presença.

Agora, vejo com satisfação vejo a TV Justiça divulgando uma série de documentários “Novos olhares sobre o tempo – Memórias da Democracia” trazendo, no sexto episódio, o depoimento do ministro Célio Borja.

“Ele, que queria ser advogado e professor, foi deputado, secretário de Governo, ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral de 1991 a 1992. Conta que a experiência no serviço público foi uma lição de vida: “Eu não entendo o serviço público para você fazer pose, pose de poderoso, pose de pessoa que recebe elogios, é saudada nos lugares aonde vai”. Não é nada disso. É um serviço humilde. É serviço. Se não for serviço não é nada, é conversa fiada”.

Na segunda parte do programa, com o amigo e advogado Marcelo Cerqueira, relembra fatos que marcaram a gestão na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como o encontro com Roberto Freire para tratar da volta do Partido Comunista e a decisão de publicar os acórdãos do Tribunal, democratizando o acesso à jurisprudência. Célio Borja diz que, para ele, a presidência do TSE foi uma espécie de coroamento. “O Tribunal foi, para mim, uma oportunidade ótima para tentar aplicar o que eu havia aprendido vivendo a fim de fazer o Tribunal melhor. A Justiça Eleitoral me permitiu ter uma visão abrangente, sistêmica do processo eleitoral, da eleição e do governo representativo,”
A série de documentários “Novos olhares sobre o tempo – Memórias da Democracia” é um resgate da história da Justiça Eleitoral do Brasil. Ex-presidentes do Tribunal Superior Eleitoral, que participaram ativamente da construção e fortalecimento da democracia brasileira, contam um pouco da história recente da Justiça Eleitoral, narram fatos que marcaram o país e curiosidades de bastidores. Depoimentos importantes de quem vivenciou períodos da construção da nação e que mostram a importância do voto, da liberdade de escolha dos representantes e de eleições limpas e transparentes.”

É importante saber que esses programas ficarão disponíveis na página oficial do TSE no Youtube (http://www.youtube.com/justicaeleitoral).

Nesse momento de pobreza do noticiário político nacional, esse passado eleva nossa alma.