PENDÊNCIAS DA HISTÓRIA

Volto a destacar alguns pontos que citei no meu artigo o Poder pelo Poder, postado no inicio desse Blog, referente ao comportamento dos partidos.

E uma pendência que ficou foi o fato de o PSDB ter eleito o candidato a Governador em oito Estados e o seu candidato a Presidente, no caso, José Serra, ter perdido em cinco dessas unidades da Federação.

Hoje, me socorro mais uma vez de um texto do meu amigo Ari Cunha, consagrado articulista do Correio Braziliense, sob o título  ” A Traumática preparação de um sucessor”:

” Ainda está por ser escrita a história recente sobre os bastido­res dos bastidores da Presidência da República, à época de Fer­nando Henrique Cardoso, com foco específico nas suas rela­ções com o seu ministro e candidato natural à sucessão, José Serra. A imagem que restou ao grande público é de um embate de egos, surdo e permanente, entre dois dos maiores líderes do PSDB, o que teria resultado na flagrante apatia do então presi­dente em abrir caminho para fazer seu sucessor. A impressão geral é que José Serra teria sido, naquela ocasião, abandonado à própria sorte.

Alguns observadores do cenário político da capital preferem aversão de que FHC, preso às suas convicções políticas e éticas, preferiu abrir mão da possibilidade de construir a candidatura Serra para não ser posteriormente acusado de usar a máquina pública em beneficio de seu partido.

É bom lembrar que, naquela ocasião, o presidente da Repú­blica, mesmo contando com maioria parlamentar flutuante, vi­via sob intenso fogo da artilharia petista. Pichações nas princi­pais ruas do país pedindo a cabeça de FHC eram visíveis e, não raro, vinham acompanhadas de ameaças veladas.

Das tribunas da Câmara e do Senado, os discursos de ódio, recheados de acusações eram diários. Boa parte da imprensa, que, naquela ocasião, rendia simpatias ao Partido dos Traba­lhadores ajudava o quanto podia para minar, com matérias es­candalosas, a credibilidade do governo.

Sindicalistas incrustados nas repartições públicas cuidavam de vazar informações sigilosas sobre o governo. Durante seus dois mandatos, FHC foi atacado dia e noite impiedosamente pela oposição, que, para ele, criou e espalhou pelos quatro can­tos a narrativa de que aquele era um governo de direita, conser­vador, ligado ao grande capital internacional, cuja missão era entregar as riquezas do país aos estrangeiros.

Acuado por uma oposição que se comportava abertamente como inimiga mortal, FHC fechou as portas à Serra, possibili­tando que outras fossem abertas para a chegada do PT ao po­der. Incompreensivelmente e em certo sentido, Fernando Hen­rique pode ser considerado o padrinho político de Lula. Foi ele quem aplainou as veredas e suavizou a rampa do Planalto para a subida do Partido dos Trabalhadores.

Três anos depois de instalado no Executivo, o PT se vê prota­gonista do escândalo do mensalão. Ante a iminência de sofrer um merecido processo de impeachment, Lula recorre a FHC, que passa a cuidar pessoalmente, junto ao seu partido e aos seus simpatizantes, de uma solução que preservasse o presi­dente, sob o argumento de que as instituições brasileiras não suportariam nova cassação de um presidente. Com isso, FHC abriu ampla possibilidade para um segundo mandato de Lula.

É possível afirmar, portanto, que sem FHC, não havería nem o Lula do primeiro mandato, nem o Lula reeleito. Até mesmo as políticas públicas implementadas com êxito pelo petista, fo­ram criações de seu padrinho FHC. Curiosamente, depois do megaescândalo de corrupção trazido à tona pela Operação La- va-Jato que levou parte substancial do antigo governo para atrás das grades, FHC veio a público para alertar sobre os peri­gos que uma possível prisão de Lula podería provocar na esta­bilidade de nossa jovem democracia. Ainda não se conhece as razões que têm levado FHC a proteger sistematicamente al­guém que tem pregado de público contra ele. Talvez para dar à população a oportunidade de viver pelo método construtivista o que o PT é capaz de ensinar.

Por essas e por outras, não é de todo exagerado considerar que FHC foi uma espécie de sócio dessa que é a maior crise de toda a nossa história. Tivesse ele agido como Lula, defendendo seu sucessor, o candidato Serra, a história seria diferente e não seria exagero afirmar que o Brasil estaria entre as quatro nações mais desenvolvidas do planeta.”

Submeto à reflexão de quem queira…

 

2 comentários em “PENDÊNCIAS DA HISTÓRIA

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