ONDE ESTAMOS……

Estamos vivendo um momento da vida nacional que não deixará saudades aos contemporâneos e deixará perplexa a geração vindoura.

Jamais poderia imaginar de viver uma época em que os valores maiores de nossa vida fossem desprezados e banalizados como agora, de forma tão degradante que aos olhos dos nossos antepassados soaria como a volta dos tempos do Império Romano.

Para a minha geração que viveu sob domínio da retidão, da disciplina e dos bons costumes é muito difícil compreender o que se passa diante de nossos olhos, como sendo uma conduta natural e reflexa dos tempos modernos.

Mas, quando falamos em modernismos não podemos estar nos referindo ao ontem ou hoje, pois podemos retroagir a pelo menos uma década para chegar ao marco dessa retomada de posições.

Recordo-me de alguns fatos que corroboram essas minhas afirmativas, pois vêm se desenvolvendo celeremente como uma avalanche, e incrivelmente assimilados pela sociedade que já não mais se ocupa de mensurar os índices absurdos de desvios dos recursos públicos.

A poucos dias via a entrevista de um pretenso cidadão que levado coercitivamente pela Policia Federal, reclamava por estar sendo conduzido por ter desviado apenas quinhentos mil reais. E pessoas ao meu redor achavam mesmo um disparate pegar por tão pouco…Deus do céu eu aprendi que o alcance de um centavo é tão importante que de um milhão!!!

Mas o que é mais triste é constatar que tudo isso está registrado como uma cultura do nosso povo, desde os tempos do Império em que víamos os traficantes de escravos protegidos pela Corte mediante pagamento de propinas. No entanto com o progresso o que se deveria esperar é que os costumes se esmerassem e a sociedade se organizasse dentro de padrões morais que engrandecesse a nação.

O que vemos então é exatamente o contrário quando aqueles que em sua maioria, deveriam se sentir honrados por serem escolhidos para representar o seu povo, em qualquer dos poderes, se especializam em saquear os recursos públicos desde a forma mais grosseira até as formas mais sofisticadas igualando-se e até superando os mais temidos gângsteres em exercício nas diversas regiões do país.

O que se pode esperar de tudo isso?

A delação que a exemplo dos países mais avançados é um instituto jurídico destinado a colaborar com as investigações está sendo transformada em artimanhas para soltura de criminosos perdoados pelos atos que praticaram mediante a acusação de terceiros e pagamentos de multas insignificantes se comparadas com as reservas que dispõem para uma “ Dulce vita” em berços esplendidos. E chega a ser revoltante a falta de cerimonia nos relatos desses delatores, divulgados sobre os atos criminosos que praticaram, posando como heróis e talvez esperando ser tratados como um Robin Hood hodierno.

Agora no momento em que buscamos a estabilização da economia do país e a paz social, vemos o país sacudido por uma nova delação em torno do próprio Presidente da República. Se é procedente ou não, é um fato que deve ser investigado e julgado com a maior retidão, mas enquanto isso acontece, ao invés da formulação de soluções aventureiras, mister se faz garantir e preservar as suas prerrogativas e enquanto não se tem um veredito final, trata-se do Chefe da Nação que tem a missão de conduzir o governo, sob pena de mergulhar o pais em um caos irreversível.

Para isso, no entanto há que se ter uma oposição política responsável, extremamente necessária, desde que não se torne uma patrocinadora de bando de arruaceiros que deturpam os movimentos sociais que se reúnem em passeatas legitimas, promovendo invasões de prédios públicos e destruindo bens do patrimônio nacional.

Todo o esforço deve ter um objetivo viável e consequente e deixo para o final um comentário sobre o papel da imprensa que também tem sua responsabilidade e obrigação de defender os interesses do país, ao invés de alimentar o ódio e por razões partidárias implantarem notícias sem fundamento que em nada contribuem para uma estabilização.

A informação é necessária e desejável, mas a desinformação é perniciosa.

Vamos aguardar o que temos ainda pela frente.