Hoje amanhecemos com a novidade da intervenção federal na Segurança Pública no Rio de Janeiro. Novidade velha, pois já era para ter ocorrido há muito tempo ao invés de esperar o caos se instalar. O Ministro da Justiça, em 2017 alertou para isso e foi até xingado pela “ blasfêmia” ao dizer do conluio entre o Estado e a bandidagem.
Até interpelação judicial apareceu pela “ofensa” atribuída ao titular da pasta da Justiça que “ injustamente” estava injuriando a cúpula política carioca. Agora, a imprensa por todos instrumentos disponíveis apresenta o despautério do quotidiano na cidade que deveria ser realmente o cartão de visita do país e que de uns tempos para cá, graças a nociva ação política dos governantes que se sucederam é uma porta dos fundos vergonhosa que nos ofende e humilha como cidadão brasileiro.
Ontem perguntava ao meu filho residente em Orlando, se ele tinha visto os desfiles na Sapucaí e ele me respondeu que tinha vista a onda de assalto à mão armada em plena luz do dia. É isso que é mostrado ao mundo que deveria estar ávido de esperança de conhecer a decantada e antiga “ cidade maravilhosa” que aos poucos se torna em “ cidade horrorosa”.
Mas, vamos aos fatos.
A minha análise se baseia em experiência própria pelo período em que exerci o cargo de Secretário de Segurança Pública do Governo de Minas Gerais.
Tão logo assumi o cargo em janeiro de 1999 fui alertado da situação no centro da cidade de Belo Horizonte em que o cidadão não tinha mais a tranquilidade de realizar suas compras sem correr o perigo de abordagem de “ trombadinhas” e não ocasionalmente de assaltantes, quadro fartamente divulgado pela imprensa da capital que reclamava a ação do Estado.
Relatei a questão ao Governador Itamar Franco e apresentei minha proposta de ação imediata atentando para o detalhe importantíssimo de que seria uma operação vigorosa e até mesmo violenta em certos casos e que somente seria viável se contasse com sua aprovação e apoio.
Sem titubear, aprovou a operação e me disse: “ Não tenha condescendência com quem tira a tranquilidade da população ordeira e laboriosa”.
Determinei ao Comandante da Policia Militar dispor de uma carreta, tipo guarda móveis e a transformasse em xadrez estacionada na Praça Sete de Setembro, dotada de computadores interligados à Polícia Civil e Centrais de Identificação e alocasse a Companhia de Cavalaria para patrulhar a área.
A limpeza foi geral e rápida e a prisão de aproximadamente 300 meliantes no primeiro dia dando uma demonstração clara de que não estávamos ali para brincar de pique.
No outro dia a imprensa que antes reclamava nossa presença já estampava manchetes condenando a “ violência policial” e organizações de direitos humanos a reclamar uma ação educativa e social para aqueles que assaltavam e até matavam para roubar e que seriam vítimas do sistema.
Não discuto e nem discordo desse diagnóstico que poderia servir para uma política a ser adotada para preservar o futuro, mas naquele momento não poderia haver outra atitude senão a de proteger o cidadão de uma agressão constante e impeditiva no seu direito de ir e vir.
Apesar de toda a repercussão dos fatos o Governador Itamar Franco, que não tinha relação alguma com a bandidagem e nem foi financiado em sua campanha eleitoral com recursos espúrios manteve sua palavra de apoiar nossa ação que continuou a ser executada até o momento de entregar a área completamente saneada à sociedade belo-horizontina, situação que prevaleceu até o final de seu mandato.
Agora, o Governador do Rio de Janeiro teve a sensatez de confessar sua incapacidade de manter a ordem no Estado e entrega ou concorda que se entregue o comando da Segurança Pública ao governo federal, que usará a participação das Forças Armadas, Policias Federal e Rodoviária Federal e Guarda Nacional, tendo à frente o General Braga Neto Comandante Militar do Leste, em conjunto com as Policias Militar e Civil do Estado.
Eu conheço a forma de atuar dos militares, pela participação que tive de pertencer aos Exército Brasileiro de onde tenho a patente de 2° Tenente da Reserva, por ter dado baixa quando fui aprovado em Concurso Público para os quadros da Secretaria da Câmara dos Deputados. Os oficiais e praças são treinados para a guerra e para o ataque, sem nenhum compromisso, outro, a não ser o da execução da missão que lhe é confiada e sem se preocupar se estará agradando ou não políticos e governantes e menos ainda organizações de qualquer natureza.
Faço esse registro para antecipar que na primeira investida ao ninho criminoso e que fatalmente será recebido à bala responderá no mesmo nível e talvez até maior para desalojar os meliantes. Na guerra, tudo pode acontecer e até mesmo o sacrifício de inocentes que possam estar na linha de tiro e principalmente crianças que são inteligentemente colocadas pelos bandidos para servir de proteção.
Não duvidem que no dia seguinte, essa imprensa que de forma espetacular repercute os atos de violência nas ruas da capital fluminense, estará buscando fatos isolados para atribuir excessos dos militares, organizações sociais estarão protestando junto com atrizes e atores pela presença das forças armadas nas comunidades conclamando por uma ação educativa sabendo que esses bandidos armados até a alma, equipados com o que há de mais moderno não estarão lá aguardando um aceno de pacificação.
Essa sociedade que vai para as ruas vestida de branco com cartazes com a palavra “ Paz” é a mesma que em seu seio abriga usuários que alimentam esse tráfico de drogas que sustentam essa guerra suja que trouxe o caos para nossas cidades. Em verdade os bandidos ocupam um espaço dado pelo Estado. Um Jornalista cujo nome não me recordo agora, há sete anos lançou uma frase lapidar analisando uma situação igual à que hoje é vivida: “ olha o que fizemos com o Rio de Janeiro” demonstrando que nada disso ocorre por acaso, e ao contrário, é fruto da omissão e da conivência.
Portanto, vamos ter consciência da gravidade da situação, e agir com menos hipocrisia se é verdade que desejamos retomar a nossa linda capital fluminense.
Que maravilha Henrique, já chegaram tarde, mas antes agora do que nunca
Vamos ver a imprensa! Vc não tem mandado muita coisa, amo suas postagens!
Beijo para vc e HHH GOSTARAM? FALTOU UM H….
Obrigado com a sua presença constante. è, vamos ver … vou escrever, ainda hoje, um comentário sobre o que já está começando a acontecer. Depois falamos.. Bjs
Verdade.Os mal intencionados …já estão divulgando como se fosse o retorno de ditadura.Como estado de exceção.
O pior é o que acha que mesmo encontrando um bandido com um fuzil na mão apontado o soldado não deve atirar.. é obrigado a perguntar inicialmente porque ele está fazendo aquilo.. e se o cara ao invés de responder atirar o soldado deve morrer mas com honra!!! Lindo!!!!
Que triste tudo isso! Uma lástima! Vamos aguardar com cautela as reações desse imbróglio.
Pois é.. e já estou preparando um comentário sobre as repercussões que muito me preocupam pois como eu postei aqui não está sendo diferente o procedimento: ao invés de uma corrente em pról do sucesso, já estamos vendo comentários negativos procurando falhas na operação. Quem viver verá…