ACHO QUE JÁ É HORA….

Os Jornais televisivos divulgaram a invasão da Câmara Municipal de São Paulo por um grupo comandado pelo Sindicato dos Professores Municipais, quebrando as portas de vidro, lançando cadeiras contra a segurança, tudo sob o argumento da defesa dos seus direitos contra a reforma da previdência.Na confusão uma das manifestantes (há dúvida se são professores em face do comportamento incompatível com a profissão), saiu ferida no nariz. O comentário foi o de que deveria ser aberta sindicância para apurar os excessos dos seguranças. Concordo, mas não seria também de bom alvitre que essas emissoras reclamassem a identificação dos vândalos que claramente quebravam tudo? E o Presidente da entidade promotora do movimento deu declaração sobre a violência por parte da Câmara, mas não se explicou quanto à depredação.

Essa conta não fecha!!

Não raro temos notícias de hospitais públicos guardando aparelhos de última geração adquiridos para radioterapias, tomografias computorizadas, ressonância e unidades construídas e sem uso, ao tempo em que pacientes são dispensados por falta desse acervo. Ao ser cobradas as explicações naturais desse descalabro a resposta é uniforme: aguardando licitação para manutenção dos aparelhos e nomeação de profissionais.

Esta conta também não fecha

No Rio de Janeiro uma morte por dia sela a sua marca de insegurança absoluta..Onde o carioca pode exercer sua cidadania?Na praia? Tem arrastão… no centro da cidade?  Tem assalto. Na Barra da Tijuca? O acesso envolve passagem no já onde se desenrolam os tiroteios da Rocinha. De carro é assaltado nas passagens pelos tuneis Rebouças e da Gávea (PUC) Ônibus assalto, Metrô, idem…Trem elétrico do Centro/ Zona Norte, assalto.No Carnaval, não havia quem tomasse conta da cidade. O Governador passeando em Barra do Piraí e o Prefeito na Europa e Ásia. E o povo à mercê das decisões dos bandidos.

Quando a coisa começa a apertar essas autoridades vão ao Planalto para pedir quem alguém possa fazer as suas vezes porque perderam o controle de tudo, mas para manter a pose pedem e são atendidos no sentido de não intervir plenamente, deixando que continuem nos cargos ainda que para inglês ver. O Presidente da República com a responsabilidade que tem de garantir a integridade de todo um povo decreta a Intervenção Parcial no Estado, focado na Segurança Pública. Daí, se tudo der certo o Governador estará a postos para receber os aplausos e se der errado a culpa é do Interventor.Até que as operações efetivamente comecem os crimes continuam a acontecer.O Interventor demonstrando estar ciente do caos nomeia dois Generais para a Secretaria de Segurança e para dirigir o Sistema Penitenciário, que em uma primeira e rápida ação faz uma limpeza no primeiro presídio visitado saneando anomalias que há vários anos se sucedem sem nenhuma contestação.

Agora, acontece o inesperado, o assassinato de uma vereadora do PSOL, que com sua capacidade de divulgação multiplicada, em pouco tempo, transforma o fato em matéria de alcance internacional, embora seja uma repetição do quotidiano carioca, mas sem a amplitude da repercussão.E de pronto, sem necessidade de esperar, as explorações político-partidárias se postam em campo.

As versões oferecidas à larga:

Foi assassinada porque era negra. Mas quantos negros morrem diariamente no país?

Foi assassinada por que era política da esquerda. Mas quantos políticos esquerdistas temos no país?

Foi assassinada porque criticava a Intervenção, mas quantos também criticam abertamente?

Foi acerto de contas de Comandos, Vermelho, Azul, Amarelo, Roxo etc., mas o que ela tem a ver com isso?

Foi porque era homossexual. Ora, ainda há poucas semanas houve um chiquérrimo casamento gay no Copacabana Palace com grande divulgação.

Foi porque atacava diariamente o Batalhão da Polícia Militar de Acari.

O fato é que todas essas conjecturas só tem um objetivo: desviar o foco principal.O Correio Braziliense de sábado último, publica uma primorosa entrevista dada pelo Ministro da Secretaria Institucional General Sergio Etchegoyen, filho de um saudoso amigo, também General Leo Etchegoyen, que me permito transcrever em parte, na qual demonstra as dificuldades de um trabalho dessa natureza;

“0 crime contra a vereadora tem todas as características de execução? (Repórter)

Não tem todas as características, foi uma execução. As razões para aquela execução, eu acho que não é prudente abandonar nenhuma. Eu, se fosse o de­legado, deitaria todas em cima da mesa e iria afastando. Isso aconteceu há dois dias, com que velocidade anda a polícia técnica, os exames balísticos, a verifica­ção de todas as câmeras? Tem que ouvir gente. Discorde-se ou se concorde, a moça tem a idade das minhas filhas. Tenha sido ela mais ou menos agressi­va, aguerrida, não interessa, não há na­da que justifique a execução. Não há nada que justifique que a execução de um adversário é uma opção presente no campo político. O que justifica no jogo político em um país sadio utilizar a execução? Porque compensa. Vamos imaginar a prisão dos assassinos neste momento, agora. O que vai acontecer? Eles vão ser presos preventivamente, vai se discutir quanto tempo essa pri­são vai levar, vai haver uma investiga­ção e eles vão ser julgados. Quando? Daqui a um ano e pouco, dois anos, vamos imaginar que ande rápido pelo clamor, mas eles continuam soltos, aí vão para a segunda instância, tem mais um período para caminhar. Vai se dis­cutir se na segunda instância podem ser presos ou não, vamos para a terceira instância e vai até o trânsito em julga­do, lá na frente. Quando chegar ao trân­sito julgado, cinco ou seis anos, não sei ser otimista, nem pessimista, mesmo porque não sou advogado. Eles foram condenados a 30 anos, o máximo, vão cumprir 1 /6 da pena e aí começa a pro­gressão, eles vão cumprir cinco anos. Se tiver biblioteca vai reduzir mais um pouquinho e vão cumprir três anos. É com isso que nós estamos lidando.

O senhor está dizendo que esse ato vale a pena.( repórter)

91,5% dos casos não são descober­tos. O dela, pelo clamor, as pessoas que dependiam do trabalho dela certamen­te vão ajudar, tem o disque denúncia. Eu sou otimista, acho que se chega aos pervertidos, em quem fez isso. Pega um cidadão que coloca essa opção de exe­cução de alguém como uma opção dis­ponível, essa pessoa que acha que é uma coisa da vida dela, botar um fuzil, seguir alguém e fazer a execução que fez. Tente se colocar nessa situação, uma pessoa que é capaz de fazer um ne­gócio desse, qual a expectativa de vida que ela tem? Será que não tem cons­ciência que, com o tipo de vida que leva, daqui a pouco é a vez dela? Eu imagino que quem está em uma vida dessa, a qualquer momento… O cara olha para o horizonte dele, lá na frente vai pegar cinco anos de cadeia na pior hipótese.”  Ou seja com a nossa legislação o crime compensa!!

As Forças Armadas elegeram um final de semana para implantar uma Ação Social na Vila Kenedy, com atendimento na área de saúde, expedição de documentos etc. Há que se dizer que isso dura um dia e foi feito para engambelar a comunidade.É claro que dura um dia, mas o principal fato a ser considerado é a maneira de mostrar para aquele povo que o Estado pode estar presente e dar até mais do que o tráfico e as milícias dão.Mas a questão é que ele nunca está!!Nas favelas, temos uma anarquia em termos de urbanismo e saneamento, mas o que fazer? Depois de silenciosamente assistir à ocupação desordenada dos morros, os governantes não atentaram para os guetos que se formavam e no lugar de ruas tempos vielas de um metro de largura, por onde deveriam passar as redes de esgoto e de abastecimento d’água.Mas o problema é que as famílias vivem nessa condição e à mercê dos poderosos do dia.Os discursos são os mais bonitos, pelos políticos, artistas, ONGS, mas tudo parecido e com a mesma ladainha de que é necessário a educação, saúde e segurança. E quem não sabe disso?

Recordo-me de uma fala do então Governador Carlos Lacerda com um projeto para ocupar os morros da Zona Sul, com a implantação de Condomínios devidamente urbanizados e atendendo aos mais sofisticados requintes de segurança e que em face de sua localização teria um custo elevado a ser suportado pelo setor privado, propiciando ainda uma arrecadação pela venda da área e arrecadação tributária. Houve uma resistência por parte de vários setores vinculados ao meio ambiente e associações dos bairros, etc. Dizia ele: “ A melhor maneira de preservar uma área como essa é ocupando ordenadamente.se não querem, paciência, mas preparem-se para o que virá.”

Paralelamente conseguiu com  recursos do Programa Aliança para o Progresso, criado pelo Presidente Kenedy ,  uma ajuda financeira para a desocupação da favela do Morro do Pasmado(Botafogo)Praia do Pinto ( Lagoa)Favela maria Angu ( Penha/Ramos) e da favela do Esqueleto ( Maracanã) e em uma área rural à margem da Avenida Brasil, na antiga Avenida das Bandeiras  transferiu esses moradores para ocupar 5.054 unidades habitacionais constituindo uma comunidade denominada Vila Kenedy devidamente urbanizada.

Embora fosse uma forma de dar mais dignidade aos antigos favelados, sofreu as mais acirradas críticas e a principal reação, que era procedente, era a falta de transporte público eficiente, isto em 1964. Mas na verdade de lá para cá o que se esperava que fosse feito era a presença do Estado valorizando esse bairro ao invés de permitir a desordenada ocupação, cujos resultados podemos hoje atestar.

Por isso essa conta também não fecha!

Eu acredito no trabalho do Interventor General Braga e seus comandados, principalmente porque não tem compromissos particulares com facções, partidos, associações a não ser os decorrentes de sua missão.

O que é lamentável é que uma questão grave, porque uma pessoa foi morta, seja ela quem for, pois, para mim, o crime é igual a tantos quantos ocorrem diariamente no país, sirva para todo tipo de manipulação e a prova é que hoje, uma semana após o acontecimento o que se discute e ocupa as ruas através de manifestações é quem fala mal ou bem da falecida. Destaco o fato de que no mesmo dia um empresário, pai de familia e nos dias sucessivos, jovens e mães de familia foram igualmente mortos e as barbaries continuam.

Será que temos que esperar milagres ou está faltando é gestão nesse pobre país?

 

2 comentários em “ACHO QUE JÁ É HORA….

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  1. O que eu vou dizer! Vc tem olhar mais do que clinico

    Adorei, acho tudo que vc falou gestão do poder publico

    Com os militares, vai ser outra coisa, mas tenho por mim

    Que o TEMER ta tirando um sarro com os militares!!! Beijo neneca

Excelentes as matérias postadas

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