Desejoso de analisar o que vivemos nesses dias achei por bem iniciar citando algumas frases de Nicolau Maquiavel, o Príncipe, que se não guardam relação direta com os atos dos nossos circunstantes sugerem a eles alguma reflexão.
Dizia ele:
“O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta’’.
Recordo-me das vésperas da campanha para as eleições de 2018, quando se noticiava a dificuldade do engajamento de Bolsonaro a um Partido Político que abrigasse sua candidatura. Várias foram as alternativas que terminavam por ser inviabilizadas em face das contrapartidas exigidas como as indicações para a vaga de Vice-Presidente que em alguns casos nos assombravam pelo nível das figuras sugeridas. Felizmente, nessa questão terminou com a excelente solução com o General Hamilton Mourão. Mas, a legenda escolhida para assumir a candidatura da cabeça de chapa foi a mais desastrosa e a prova está agora escancarada pela ausência absoluta de uma identidade política e filosófica dentre os integrantes da agremiação composta em sua maioria por neófitos despreparados e que por força do número de eleitos assumem posições importantes nas Casas Legislativas. Como seria de se esperar em pouco tempo as vaidades e interesses individuais fariam descambar para um campo inimaginável de conduta fazendo corar a quem quer que tenha um mínimo de postura. Por isso, apesar das consequências que possam advir para a estabilidade democrática muito me agrada a tese do então Senador Itamar Franco em favor da candidatura avulsa, ou seja, sem a necessidade de filiação partidária. Dir-se-á que o Partido Político é a essência da democracia, mas há que se entender que essa instituição é algo sério e não a bagunça que se estabelece com a multiplicidade de registro que a legislação brasileira faculta pela simplicidade das exigências para a criação. Qualquer um que se disponha a criar um Partido consegue a proeza apresentando com o estatuto e programa partidário a cópia xerox de qualquer um já existente. Uma pesquisa mostrará que a maioria dos filiados não conhece o programa partidário.
Por isso, cada vez mais sou instado a entender que o melhor para si próprio e para o país é que o nosso Presidente cumpra o seu mandato sem filiação alguma até mesmo por falta de opção pois dificilmente encontrará nos quadros atuais algum partido cuja atuação seja compatível ao seu perfil.
Outra frase:
“Os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha. Há uma dúvida se é melhor sermos amados do que temidos, ou vice-versa. Deve-se responder que gostaríamos de ter ambas as coisas, sendo amados e temidos; mas, como é difícil juntar as duas coisas, se tivermos que renunciar a uma delas, é muito mais seguro sermos temidos do que amados… pois dos homens, em geral, podemos dizer o seguinte: eles são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ambiciosos; eles furtam-se aos perigos e são ávidos de lucrar. Enquanto você fizer o bem para eles, são todos teus, oferecem-te seu próprio sangue, suas posses, suas vidas, seus filhos. Isso tudo até em momentos que você não tem necessidade. Mas, quando você precisar, eles viram-lhe as costas. ”
Começo a entender melhor as atitudes de Bolsonaro que deve ter em sua mesa de cabeceira um livro do Príncipe.
Finalmente:
“Os bons conselhos, venham de onde vier, resultam da prudência de quem os analisa e os acata. Os bons conselhos, por mais sábio que seja o conselheiro não pode incutir prudência em ninguém e quem não é prudente por si mesmo não pode ser bem aconselhado. ”
Eu gostaria muito de dar um conselho, mas o que fazer?
Sem muita dificuldade vemos que, a imprensa, a sociedade, a nação enfim, estão mais ligados à uma agenda medíocre do que para os fatos positivos praticados pelo governo por mais importantes que o sejam e de grande importância para todos nós. A divulgação da agenda do Presidente ao Japão, China, Arábia Saudita, com os detalhes dos assuntos que serão debatidos de muita importância para o nosso país não seria mais proveitosa do que o gasto com muitas páginas e vídeos sobre como um deputado xingou o Presidente? Me causa espanto ver matérias na mídia sugerindo que a “ crise” com PSL vai inviabilizar investimentos no país como se a economia girasse em torno dessa baboseira gerada por um grupo de despreparados que pularam de paraquedas na história política do país e que jamais se elegeria até mesmo para uma Câmara de Vereadores de um dos grotões de qualquer estado brasileiro se não fosse a campanha de Bolsonaro. Não me surpreendo se alguém venha a afirmar que o Ministro Tarcísio Freitas que se encontra em Washington para reunião com investidores lá comparece para explicar que o Delegado Waldir não vai “ implodir o Presidente’ e que os nomes chulos que ele atribuiu a Bolsonaro foram de brincadeira.
Machiavel escreveu essas frases por volta de 1526 e, no entanto, calça como uma luva em 2019. Alguma coisa está errada!!!!
Concordo com vc e lembro Juca Chaves:”a mediocridade e um fato consumado”….. lamentavelmente
Ruth, muito bem comparado. O problema é que Caixinha Obrigado do Juca Chaves foi lançado em 1960 e vc demonstra que em 2019 o caos é o mesmo. A propósito vou postar um texto tendo como pano de fundo a letra completa dessa sátira para que os que não conhecem possam ficar horrorizados com a compatibilidade.
Foi a epoca do JK
Alguma coisa ou algumas estão muito erradas, mas não são de hoje. São de um longo tempo que parece não ter fim! As agendas não avançam e nós, simples mortais, que conseguimos eleger um Presidente para quebrar o establishment, ficamos à mercê de um Congresso corrompido e de uma Suprema Corte que se acha acima da própria Lei que a define. Triste terra Brasilis!