Estamos em plena pandemia.
De Corona vírus, de falência de costumes, de desmandos, de incompreensões, de uma verdadeira desorganização institucional que nos permitir indagar qual desses é pior, mas que todos se assemelham a uma doença incurável.
O Brasil saiu de uma fase de anarquia em que governantes e políticos em todos os níveis, foram apresentados à população como uma antítese do que poderia se esperar de pessoas eleitas por uma sociedade que nelas depositou sua confiança, através do voto popular. Assistimos à derrocada de uma dinastia que se formou propagando uma casta virtuosa de origem trabalhista e que chegou ao poder em face de uma confiança do eleitorado em busca de alternativas a uma social democracia que exagerou na adoção da economia global em detrimento dos interesses internos.
Tivemos nos primeiros anos um aceno da mesclagem ideológica, inclusive no comando da economia com alguns sinais positivos na gestão o que fez com que permanecessem por uma década e meia, mas sucumbindo diante de um deslumbramento e despreparo seguindo a linha da corrupção.
O ambiente então formado propiciou condições excepcionais para a eleição do atual Presidente com uma mensagem austera e posicionamento ideológico forte como única possibilidade de impedir a continuidade dos apeados do poder.
Isso me lembra a eleição de Jânio Quadros em 1961 tendo como símbolo de sua campanha a vassoura e seu governo durou exatamente oito meses conturbados pela afronta ao Congresso, com o Presidente da República totalmente isolado buscando a prática da democracia direta desprezando o valor do sistema representativo e completamente deslumbrado com o Poder e crente no seu prestígio pessoal veio a renunciar ao cargo certo de que o povo exigiria a sua volta triunfal, o que evidentemente não ocorreu.
Vejo com preocupação o quadro que vivemos e vou me permitir focalizar na última manifestação pública recentemente realizada, com palavras de ordem totalitárias pregando o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal e que foi realizada apesar de um pedido do Presidente da Republica para que fosse suspensa, mas que inquestionavelmente foi por ele anteriormente convocada. Destaque-se que por conta do problema da corona vírus a adesão não foi o que se esperava, mas de qualquer forma serve para um alerta pois esse tipo de convocação já foi experimentada e mal sucedida por outro Presidente.
O que é mais grave no episódio foi a presença do Presidente junto a um grupo de manifestantes que além de contrariar as próprias recomendações no sentido de evitar aglomerações dá a impressão de que estaria apoiando as agressões aos demais poderes da república, mesmo que assim não fosse. Na verdade, não cabia a sua presença naquele momento e se a sua ansiedade em se juntar às manifestações fosse incontrolável que se resumisse a um aceno de mão do alto da rampa.
Em um entrevista que deveria ter sido monitorada ao invés de ser dada de improviso e ao vivo, perdeu a oportunidade de ajustar os estragos ocorridos e partiu de forma destemperada, quando poderia ter sido com tranquilidade, para extravasar os seus estresses e frustrações que na verdade são naturais no curso da gestão mas que devem ser considerados nos devidos limites. No momento, devemos estar todos unidos em torno de uma luta de resultados imprevisíveis ao invés de troca de farpas entre autoridades do mais alto escalão da Republica.
Tem razão o Presidente da República:
– na queixa da resistência dos parlamentares para aprovação de suas propostas;
– Em se estressar em face de declarações agressivas contra si e seu governo;
– na invasão de privacidade, incluindo membros de sua família
– no gosto de estar junto ao povo, livremente, nas ruas e logradores públicos e uso de redes sociais.
– de se indignar quanto à conduta de certos órgãos de imprensa nas críticas ao seu governo.
Não tem razão o Presidente da República:
-quando em contrapartida às ações do Congresso parte para agressão desmedida contra tudo e contra todos ao invés de promover uma articulação política eficiente e produtiva.
O primeiro erro está na decisão de ele próprio pretender fazer esse trabalho, na linha de frente, quando deveria estar como última instancia e afastar a ideia de que o entendimento politico só se dá através de ações espúrias.
Tenho legitimidade para fazer essa afirmação, por ter tido a oportunidade de assumir esse encargo em dois governos ( Sarney e Itamar) diante de um quadro politico muito mais experiente e profissional do que o atual e não tivemos que nos afastar um milímetro dos princípios éticos e morais.
Portanto, falha também o senhor Presidente quando se refere à necessidade de enfrentamento referindo-se a práticas sempre ocorridas no passado. Seria bom que delimitasse esse tempo para não cometer injustiças e acusações sem fundamento.
Como exemplo desses destemperos injustificáveis está na votação da peça orçamentária que numa falha indesculpável de sua articulação política viu-se na contingência de sancionar ou vetar artigos absolutamente inaceitáveis incluídos pelo Parlamento. Nesse momento que a sabedoria politica mais se faz necessária para contornar a situação, parte para agressão e convoca manifestações populares para pressionar o Congresso, além de não poupar oportunidades para condenar frutos de acordos feitos por suas próprias lideranças e articuladores.
– quando estimula a troca de farpas, utilizando as redes sociais para atacar e provocar autoridades e órgãos de imprensa sempre em nível agressivo, gerando crises políticas desnecessárias.
É importante lembrar que não é lícito a quem se disponha exercer o mais alto cargo executivo da Nação, desconhecer as dificuldades dele decorrentes e a ter sempre em mente a imperiosa observância da liturgia do cargo que além da eficiente gestão pública, exige sabedoria, serenidade e habilidade política.
Também aos aliados mais ferrenhos cabe um alerta no sentido de que a campanha política já terminou e que os arroubos oratórios então utilizados podem constituir um compromisso, mas nos devidos limites e a constante adulação exaltando a conduta agressiva pode desencadear resultados desastrosos para o país.
Faço questão de afirmar, finalmente, que votei no candidato Jair Bolsonaro e me disponho a votar novamente, razão porque me permito fazer essas observações.
Né? Tá difícil….
Bota dificil.. só n ão quero assistir filmes que ja vimos..