Nesses tempos de quarentena forçada a gente tem que buscar o assunto para ver o tempo passar.
Resolvi trazer algumas pérolas de Minas Gerais, meu Estado querido. São “ causos” e contos que a gente ouve por lá:
“ OS SETE MISTÉRIOS (INSONDÁVEIS) DE MINAS
Os Dez Mandamentos
I’1— Mineiro só é solidário no câncer. Às vezes, na autópsia.
29 — O importante não é o fato, e sim a versão.
39 — Ao adversário não se pede nada. Nem mesmo demissão.
49 — Aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei. Se possível.
59 — Respeitar: padre que arranja votos, juiz que apura os votos e soldado que garante a posse.
69 — Ao líder compete comandar: “Preparemo-nos! ” E “Vão! ”.
7? — Voto comprado é progresso. Compra-se o que tem valor.
89 — Em briga de políticos, perdem os dois.
9? — Mais vale quem o governo ajuda do que quem cedo madruga.
10? — É conversando que a gente se entende. Mas conversa entre mais de dois é comício.
— O Culto de Tiradentes
O gosto pelo silêncio faz do mineiro sempre um confidente. Não abrir o jogo, nunca, é sua atitude permanente. Inconfidência — disse uma vez o deputado José Maria Alkimim — só a registrada nos livros: a “Inconfidência Mineira”, episódio de que os mineiros se orgulham, porque lhes assegurou uma página imortal nos anais da história do País, mas que fica apenas nisso, na reverência respeitosa.
Mesmo porque se conta que em Minas, quando a criança já começa a entender as coisas, é comum os pais levarem-na a Ouro Preto para visitar o Museu de Tiradentes e com ela travar um diálogo.
O pai, apontando para a estátua do Alferes, pergunta:
— “Ocê sabe, meu filho, quem foi este? ”
“Não, papai! ”
“Meu filho, este foi Joaquim José da Silva Xavier, o homem que morreu em holocausto pela nossa Pátria, que deu sua vida para livrar-nos do jugo português. Um herói, um grande homem, meu filho…”
“Papai, que maravilha!…”
“Sim, meu filho, uma maravilha. Mas não se empolgue. Foi este o único mineiro que ficou contra o governo e terminou esquartejado…vamos, filho, vamos. Anote o nome, respeite, mas não imite o gesto. ”
— A pausa e a conclusão
Organizava-se o Partido Popular em Minas e o seu presidente de honra, o Deputado Magalhães Pinto, permanecia alheio aos esforços para estruturar o partido desenvolvido por Tancredo Neves, o presidente nacional, preferindo dividir o seu tempo entre Brasília e Rio de Janeiro digerindo aqui e lá os relatórios que lhe mandavam ou recebendo telefonemas sobre o desenvolvimento das ações políticas em seu Estado. Ao lado da estruturação do PP, corria também em Minas a notícia de que tomava corpo a candidatura do Senador Tancredo Neves ao governo do Estado, candidatura que nascia à revelia de Magalhães, que com relação a ela não foi ouvido nem cheirado.
E foi nesse clima que em seu gabinete na Câmara o Doutor José de Magalhães Pinto, líder civil da Revolução de 1964, o Ministro das Relações Exteriores do Governo Costa e Silva, o fundador do Banco Nacional, o ex-Presidente do Senado, o homem que derrotou Tancredo Neves em 1960 para Governador de Minas, foi procurado por um grupo de jornalistas.
“Doutor Magalhães, como está o PP em Minas? ”
“Estão arrumando o PP.”
“E por que o senhor não vai ajudar a arrumar? ”
“Porque o Tancredo está arrumando e, quando tudo estiver arrumado, eu vou até lá. ”
Os jornalistas se entreolharam. E nova investida:
“Doutor Magalhães, o Senador Tancredo Neves é candidato ao governo de Minas? ”
“Bom, ele me disse lá em casa que não é.…”
“E o que o senhor acha? ”
“Eu não acho nada. Ele me disse que não é…
Fez se uma pausa, Magalhães mandou pedir um cafezinho, delicadamente servido, e ninguém falou mais uma palavra. De repente, abrindo um sorriso para espanto de todos, Magalhães abriu a boca e falou, “Mas é..”—
A Filosofia das Ruas, segundo Último de Carvalho ( Ex-Deputado federal)
“Carro oficial é como esfinge do Senhor Morto, em procissão de enterro: se a gente tira a mão dele, só em outra Semana Santa consegue pegar-lhe a alça. E, assim mesmo, chegando à Igreja antes de a Procissão sair. ”
“O AI-5, para a democracia, ê como o mandacaru para o nordestino: não dá sombra nem encosto…”
“O PSD estruturou-se no Poder, para o poder…”’
“A UDN reestruturou-se na oposição, para a oposição. ”
“O PSD, quando governo, consolidava-se, para continuar governo. ”
“A UDN, quando governo, renunciava, para continuar oposição. ”
“A minha filosofia ê que ninguém ê contra nós, mas a favor de outros. ”
“O que é a Praça dos Três Poderes? Três Poderes: dois de frente e um de fundos? Precisa dizer mais? ”
– Um mineiro chega um dia, bem cedo, ao Palácio do Catete para uma audiência com o Presidente Getúlio Vargas. Na ante sala encontra-se com o Ministro da Educação, Gustavo Capanema, que, ao vê-lo de óculos escuros, pergunta:
“O que é isso, moço?
“Uma conjuntivite nos olhos.”
Rapaz isso , é pleonasmo!”
O mineiro despediu-se e entrou para falar com Vargas, que lhe fez a mesma pergunta:
“O que foi isso , de óculos escuros?”
“Presidente, o médico lá em Minas me disse que era uma conjuntivite nos olhos. Mas o Capanema, que quer ser mais sabido que os médicos, me disse que é um pleonasmo. ”
\ A língua Surrealista
Que língua falam os mineiros? Segundo o jornalista Tarcísio Holanda, um cearense: “eles têm um dialeto próprio”.
-Poesia:
Ocê é o colírio du meu ôiu.
É o chicrete garrado na minha carça dins.
É a mairionese du meu pão.
É o cisco nu meu ôiu (o ôtro oiu – eu tenho dois).
O rechei du meu biscoito.
A masstumate du meu macarrão.
Nossinhora!
Gosto dimais da conta docê, uai.
Ocê é tamém:
O videperfume da minha pintiadêra.
O dentifriço da minha iscovdidente.
Óiprocevê,
Quem tem amigossim, tem um tisôru!
Ieu guárdêsse tisouro, com todu carinho ,
Du Lado isquerdupeito !!!
Dentro do meu Coração!!!
AMO ocê, uai!!!
BRIGADO PELO CARIN cumqueu sempre pude contá!!!!
Um bejo bem moiado e lambido!!!
Dá pra se divertir um pouco..
Excelentes as matérias postadas