A quarentena provocada pelo COVID19, teve seus incômodos, mas, pode-se dizer que também algum benefício trouxe, além da economia forçada, o de resgatar habilidades e costumes que, por força do tempo, voltaram a nos rondar. Por outro lado, a reclusão causou um instrumento do estresse que exige um cuidado todo especial para evitar um surto desastroso.
A propósito, vejo na Internet várias opões contra esse incômodo, mas todos referentes à ingestão de medicamentos sejam alopáticos, fitoterápicos ou homeopáticos, como Florais de Saint German ( Emergencial, Boa Deusa,Lirio da Paz,Alcachofra,Aloe e Bom dia), que evidentemente tem o seu valor mas, no meu entender o melhor para isso é ocupar a cabeça.
Eu por exemplo sempre tive minhas preferências para usar o tempo disponível, seja na mecânica de veículos antigos (com os ensinamentos e experiência dos tempos do Exército, na 4ª Cia Leve de Manutenção, seja nas instalações elétricas e hidráulicas domésticas, no radioamadorismo ( PT2-IF) ou escrevendo como agora o faço.
De todas essas alternativas a mais complexa é referente às publicações, em face do variado horizonte que para ser explorado exige muita inspiração., ainda mais nos nossos dias cuja atenção se prende ao noticiário que se especializou a tratar do inimigo comum: Corona vírus.
Mas, em que pese o monopólio destinado a esse microrganismo eu me recuso a contribuir para o seu crescimento na mídia, inclusive devo registrar que hoje na estrada Brasília-Sobradinho-DF, liguei o rádio do carro vi o anuncio do Retrospecto do ano que mais parecia um filme de terror.
Mudei de estação o assunto era relativo a disputa política da distribuição das vacinas.
Mais uma vez mudei de estação era um debate sobre uma licença pedida pelo Governador João Doria para descansar junto à família por 10 dias. Até aí nada de inusitado a não ser pelo fato de os apresentadores necessitarem freneticamente de saber para onde ele vai de férias. Após mais ou menos meia hora de debate a respeito chegaram à conclusão de que ele fugiu para não ter que enfrentar o vexame de comunicar que foi adiado o pedido de registro da Coronavac pelo Butantan, deixando por conta do Vice-Governador tal incumbência.
Hoje o Governador dá um comunicado que viajou para Miami e pede desculpa por isso. Então porque foi? E acabou tendo que voltar em face da infecção pelo “ bichinho” por seu substituto.
Voltando então às nossas alternativas do bom viver a que me dedico, posso dizer e os que são do ramo, bem o sabem, uma atividade que serve bem como relaxante é desmanchar um carburador de um veículo antigo, fazer uma boa limpeza e depois montá-lo novamente e, sendo do Opala ou C-10, a recompensa do esforço vem depois quando da regulagem da marcha lenta que é um deleite para os nossos ouvidos.
Do mesmo modo outra tarefa que exige uma atenção minuciosa é o da instalação elétrica, pois qualquer desatenção pode ser um grande problema. Mas, justamente por isso torna-se um precioso antidepressivo.
A instalação hidráulica então, é outro tranquilizante justamente por prender a atenção do protagonista. Qualquer deslize pode causar um grande estrago. No início de minhas investidas no setor, resolvi por conta própria emendar um tubo de p.c. de alta pressão. Apliquei a cola corretamente, mas sem dar um tempo para a secagem abri o registro e garbosamente e vitorioso me virei para ir embora quando ou vi um barulho nas minhas costas que diante da situação de estar sozinho na cena, era como se uma adutora estivesse rebentando uma barragem. Era então um dilema: tentava tampar o tubo com as mãos, era impossível. Correr para chegar ao registro era o mais indicado, mas também não evitaria o desastre da inundação, embora sendo essa a única alternativa viável foi a escolhida. Mas o resultado foi dramático com a casa toda inundada. Mas, mesmo esse desacerto impede que a cabeça fique ocupada por pensamentos estressantes.
Hoje, já refeito e com alguma experiência posso atuar tranquilamente nesse mister.
Outra, e talvez a mais romântica das ocupações é o radioamadorismo que permite uma relação de amizade à distância com quem jamais se encontrou presencialmente e mesmo nunca se encontrará, mas pelo éter (linguagem técnica) diariamente pode-se bater um papo alegre e descontraído.
Dentro as centenas de histórias destaco duas como exemplo do encanto desses contatos.
Tínhamos uma rodada (nome que se dá a uma reunião de aficionados dentro de uma mesma frequência) da qual participavam perto de vinte companheiros e dentre eles o senador americano Joseph McCarthy, extremista contra o comunismo e também um pernambucano ligado ao Governador Miguel Arraes, esquerdista, mas dentro de um contexto meramente Labreano (apelido dos radioamadores) sem sequer saber ou se preocupar com a ideologia de cada um.
Na mesma rodada participava um baiano muito inteligente, mas de poucas palavras, limitando-se ao que era proposto na conversa, até que para nossa surpresa ele simplesmente sumiu e depois de muitos anos viemos a saber que tinha sido recrutado pelo Pentágono (USA) por conta de uma invenção de sua lavra.
Mas, embora todos sejam muito bem-vindos, seja do Brasil, da América Latina, da América do Norte, Europa e até mesmo da Ásia e da África (apenas uma vez falei com um radioamador de Johannesburgo), o melhor e mais divertido é o papo com o pessoal do nosso interior, em grande número de fazendeiros, sempre com um monte de mentiras para contar.
Dessa forma, passado o período de folga, voltamos ao trabalho da advocacia no meu canto e grudado ao meu companheiro de luta, o computador, que embora muito útil e eficiente, esse sim, sabe estressar quando resolve emperrar.
Excelentes as matérias postadas