Uma das boas coisas da vida é a memória e por essa razão não devemos ignorá-la, deixando que o tempo a apague de nossas lembranças.
No post referente ao estresse citei a minha afeição pelo radioamadorismo e para minha alegria acionei a memória de amigos também relacionados com essa atividade e que se fizeram presentes registrando suas experiências.
Quero destacar minha amiga Sylvia Seabra que para minha grata surpresa teve uma grande participação na operação de PY3 QA, tendo seu querido pai como titular e ela como cristalina.
Para os que não sabem, o radioamadorismo é rico em gíria para identificar os agentes que o administram. Alguns exemplos desses qualificativos:
88 – Beijo; 73/51 – Aperto de mão e um abraço;
Atrás do toco/Corujando – Só ouvindo ;
Aparato – Rádio ;
Batente – Trabalho,
Botina branca – Médico ;
Botina preta – Polícia Rodoviária ;
Balaio de gato – Bagunça no QRG;
Cristalografia – Família;
Cristal – Esposa;
Cristalina – Filha;
Carvão – Esposo
Cristalíssima – Mãe;
Diamante – Pai
Esparadrapo – Irmão;
Para-raios – Sogra;
Pipoca – Afilhado;
Turmalina –Terezinha Vasconcelos – Televisão
Tudo isso compõe um cenário muito específico e para um grupo muito fechado e integrado por quem realmente gosta do que faz, se dispondo a exercer e cumprir as suas regras e mais que tudo manter o espirito de solidariedade reinante dentre os seus membros.
Mas, como tudo está sujeito às mudanças, também nós fomos atingidos pelo modernismo, principalmente tecnológico e avanços da eletrônica.
Hoje, somos uma minoria, os que preservam a utilização dos antigos equipamentos e nos moldes outrora empregados.
No início deste ano estive em visita à LABRE/DF e fiquei surpreso com os diálogos dando conta do emprego da internet para as transmissões e praticamente deixando de lado os aparelhos de AM (isso nem se fala!) e do SSB ( single side band) e as antenas dipolo etc..
É que para mim, que comecei nos idos de 1962 com o prefixo PY4 BHP, em Juiz de Fora, MG e depois me transferindo para Brasília ao final desse mesmo ano onde recebi o novo indicativo PT2 ESG e posteriormente PT2 HH, operando a Linha DELTA GELOSO (308 e 309) em AM e depois em SSB com um transceiver Kenwood 120S, já com o prefixo atual PT2IF, fica difícil compreender esse avanço de progresso que praticamente anula a nossa atividade tradicional que era ainda um sucedâneo das comunicações oficiais.
Hoje, a modernização dos equipamentos com ganhos eletrônicos mais sofisticados tira dos radioamadores a caraterística da alternativa agora já ocupada pelas redes sociais.
Mas, enquanto há algum espaço para nos movimentar e companheiros dispostos a nos acompanhar vamos em frente com os nossos QTCs.
A questão é que sou acima de tudo conservador o que poderá parecer que eu seja atrasado no tempo.
Um outro hobby que me dediquei foi o voo de ultraleve que valeu enquanto durou.
O gostinho de aventura e lazer era diretamente relacionado ao passeio local no aparelho simplificado, com pouquíssimas inovações além da fuselagem, dois bancos, o motor e a asa, com o peso máximo de 200 quilos e velocidade de cruzeiro de 90 km/h
Com o tempo veio o desejo da modernidade e o ultraleve passou a ser apresentado como uma avioneta, bem mais sofisticado e destinado a deslocamentos maiores, incluindo viagens.
O tradicional, Foyer GT, o Micro leve 403, ou o Fox, com velocidade máxima de 90 Km/h não oferecia nenhum atrativo além do voo panorâmico de curta duração ao passo que os atuais não oferecem nenhuma possibilidade de voos locais com sua velocidade de 250 km/h, o que importa em com menor segurança fazer uma viagem Brasília-Rio de Janeiro em três horas e meia.
Dentro do meu sentido crítico essas novas aeronaves não são nem ultraleve e nem avião.
Mas o fato é que o meu hobby foi para o espaço.
Agora, vou ter que sair em busca de novas alternativas mais condizentes com o meu gosto.
Hargreaves QSL continuo QAP Miguel
Ok Miguel TKS QRV 73’s