Por várias vezes me manifestei sobre a inconveniência da participação do Presidente da Republica em assuntos internos do Legislativo, em especial as eleições das Mesas daquelas Casas. Uma das observações que formulei foi a de que o mandatário nada tinha a ganhar com isso, pelo contrário, se o candidato por ele apoiado viesse a vencer a vitória seria do próprio e se perder a derrota seria de quem o apoiou.
Não é diferente o que estamos assistindo. Segundo se noticia a formação de chapas por Rodrigo Maia, do PT e de um Bloco em formação pelos partidos de esquerda, não têm como meta os interesses do país, mas unicamente o de derrotar o Presidente Bolsonaro.
Pergunta-se: derrota-lo em que se ele não é candidato?
Mas isso é a sequela do seu ato impensado de se envolver em assunto alheio.
Por outro lado, está sempre reclamando de ações do Supremo Tribunal Federal que extrapola de sua competência e interfere nos demais Poderes. E ele tem razão, pois de fato o nosso Judiciário Legisla e o Ministério Público administra, só que para lhe dar mais legitimidade nessa crítica, ele próprio deveria se abster de também se meter no âmbito principalmente do Legislativo.
Essa prática só leva ao desgaste político e não acrescenta nada, além de uma preocupação inútil porque seja quem for o eleito não há nenhum risco para o seu governo.
Aliás, o Presidente deveria escutar ponderações de quem lhe quer ajudar e, principalmente, observar as atitudes de outros.
O matuto mineiro oferece gratuitamente bons exemplos para os vários tipos de personalidade.
” Para os açodados:
Sr Quinzinho, lá das plagas do sul de Minas, dando uma lição de paciência e bom senso. Esse nosso “filósofo” se encontrava em um boteco em seu rincão, quando alguém entra esbaforido gritando que a televisão acabava de anunciar a terceira guerra mundial. De imediato todas as mesas foram imediatamente desocupadas pelos fregueses que saíram correndo deixando o ambiente totalmente vazio, com exceção do Sr Quinzinho que permaneceu sentado em um tamborete “pitando o seu cigarrinho”.
O proprietário do boteco achou estranho e se dirigiu ao único cliente que permaneceu incólume:
“ – Sr Quinzinho, o senhor não ouviu não? A televisão divulgou sobre a terceira guerra mundial!!
-Resposta: ouvi sim, ouvi tudo direitinho.
– E como o senhor ficou aí despreocupado?
– Olha, a noticia pode ser mentira ou verdade. Se for mentira eu não tenho com que me preocupar e se for verdade pode acontecer duas coisas: O Brasil entrar na guerra ou não entrar. Se o Brasil não entrar na guerra eu não tenho com que me preocupar e se o Brasil entrar na guerra pode acontecer duas coisas: o exército de Itajubá ser chamado ou não. Se não for chamado eu não tenho com que me preocupar e se for chamado pode acontecer duas coisas: forem convocados só os da ativa e os da reserva não. Se forem só os da ativa eu não tenho com que me preocupar e se também forem os da reserva pode acontecer duas coisas: eu ser chamado ou não. E depois de umas baforadas dizia circunspecto: Se eu não for chamado eu não tenho com que me preocupar e se eu for chamado pode acontecer duas coisas: eles me mandar para a linha de frente ou não, se eles não me mandar para a linha de frente eu não tenho com que me preocupar e se eles me mandarem pode acontecer duas coisas eu morrer ou não morrer. Se eu não morrer eu não tenho com me preocupar e se eu morrer muito menos. Porque que eu não vou acabar de pitar meu cigarrinho? “
Essa é a chamada sabedoria do mineiro que ao ser abordado por um amigo a respeito de uma tartaruga no alto de uma árvore, imediatamente o aconselha:
Deixa lá. Tartaruga não sobe em árvores. Se ela está lá é porque alguém colocou.
E ainda mais, dois desses matutos, no alto do morro debaixo da árvore puxando seu fumo de rolo e filosofando.
Daí a pouco ouvem um barulho forte de asas batendo. Olham para o céu e veem um elefante voando. Um olha para o outro dão de beiço, mas não falam nada, apesar de incrível cena estivesse acontecendo.
Mais uns minutos a cena se repete. Mais uma vez um olha para o outro dá um puxado no pito, dá de beiço e não fala nada.
Mais um tempo veio mais um, mais outro, mais outro e a reação continua sendo a mesma.
Daí passa o quinto elefante, um tira o pito da boca, passa a mão no rosto e diz para o amigo:
Compadre esse ninho deve ser aqui perto!!!
Ou seja, não questiona, não avalia e muito menos discute sobre o óbvio.
Para os boquirrotos:
– Quem fala muito dá bom dia a cavalo.”
São ensinamentos simples, ditos por pessoas mais simples ainda, mas de um conteúdo filosófico que não se aprende nas escolas.
Por isso não devem ser desprezados.
Esse é o ponto que me preocupa: muita gente discutindo o óbvio. Muita gente falando o que não deve e principalmente sobre o que não sabe.
As coisas acontecendo sem que se tome as medidas necessárias, que são substituídas pelas discussões inócuas sem nenhum proveito para alguém. Fala-se sobre tudo menos pelo que interessa.
Enquanto isso, as internações continuam crescendo, as mortes se avolumando, à margem de inconcebíveis contendas sobre a campanha de vacinação, a economia derrapando com o custo de vida em rumo ascendente, os processos no Judiciário parados, as escolas fechadas, as universidades em recesso, mas parece que todo mundo está em estado letárgico como se nada esteja acontecendo.
Depois vêm as reclamações, os lamentos, as desilusões e já será tarde demais, lembrando que o remédio para o arrependimento ainda não foi formulado.
HH,
Acho que nesse casso específico a velha e boa ..Cada macaco no seu galho, caberia bem!Acho que só Emília do Monteiro Lobato teria a solução para esse embroglio.
Abraço
Sem nenhuma duvida!!!