Nos idos da minha infância aprendi a comemorar respeitosamente a data do dia 7 de setembro como sendo, praticamente um símbolo nacional, em face do seu significado. É o dia da Pátria. Como é sabido as Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa tomavam decisões com o objetivo claro de retornar o Brasil à condição de colônia que havia sido modificada com a elevação à Reino por Dom João VI, que no seu retorno a Portugal nomeou o filho mais velho como Príncipe Regente. Com a pressão das Cortes Lusitanas em tentar repatriá-lo, o Príncipe Dom Pedro I proclama a Independência do nosso país que se livrava para sempre do julgo do Império Português inaugurando a sua própria vida de forma soberana, e o aclamando Imperador do Brasil,
Era o dia em que se ouvia as Rádios com o toque do Hino da Independência de autoria do próprio Imperador que era também músico, em parceria com o poeta Evaristo da Veiga e que era cantado por crianças, jovens e adultos com o orgulho de quem exerce a cidadania em toda sua plenitude. E dificilmente um brasileiro deixava de dar a sua resposta ainda que sumariamente quando perguntado sobre o significado da data.
Hoje, é lamentável constatar que no máximo, a resposta é que 7 de setembro é o dia da parada.
E pior, é a utilização desta data para manifestações de protestos quando deveria ocorrer para a consagração do nosso país, nem que seja para festejar os feitos dos patrícios paraplégicos nas Olimpíadas de Tóquio mas que fosse uma agenda positiva. Ou que fosse para a convocação da população em prol de campanhas contra a violência doméstica, que fosse incentivando a vacinação contra todas as pandemias ou outras tantas do mesmo diapasão. Ou ainda, shows artísticos, entretenimentos públicos, enfim tudo que possa nos servir para uma comemoração sadia.
Mais que nunca precisamos ter uma linha de conduta otimista ao invés de um pessimismo que só prejudica, e evitar os temas que diariamente, desde o acordar até o adormecer, nos martelam a mente, ainda mais com essa pandemia, que nos atormenta e nos impede de viver com a tranquilidade que merecemos.
A questão está no comportamento das pessoas, pois há o imponderável que bem ilustra o texto proclamado pelo sociólogo francês Gutave Le Bom (1886) denominado “Psicologia das Massas” que em certo trecho diz que “ Quando o homem se junta à massa, perde sua identidade mental e assume a identidade do todo. Regressa a um estado primitivo de pensar e de agir, perde sua capacidade critica. Em meio a multidão as pessoas perdem seus padrões morais e suas inibições, tornando-se extremamente emotivas e este emocionalismo acaba fazendo com que ela se torne irracional.”
Significa dizer que as manifestações que assistimos no nosso país, recentemente, trazia de tudo em seu bojo, pessoas que externavam suas decepções, suas frustações, as que desaguavam a sua revolta pela falta de atendimento às suas necessidades básicas, as que exercitavam a sua militância política e as que aproveitavam o ensejo para o exercício do direito de cidadania para se manifestar, as que se juntaram ao movimento porque não tinham nada para fazer no momento e ali estavam como num evento social e os que, lamentavelmente lá estavam para delinquir. A pergunta que não quer calar é:
Para onde vamos??
Alain Touraine, sociólogo francês, ousou dizer: “Aqueles que pensam que sabem o que vai acontecer no Brasil, devem estar muito mal informados”
O problema maior é que em 2015 eu postei que estávamos vivendo a Torre de Babel às avessas, pois, parece que ninguém se entendia falando a mesma língua.
E agora, seis anos depois, alguém se entende?
Os membros do Poder Judiciário, sempre reservados, conscientes do seu dever de julgar com independência, atentos à observância da legislação, das jurisprudências e das doutrinas, hoje se ocupam mais em aparecer na mídia, com ímpetos de se transformar em heróis nacionais, discutindo o que deveria estar nos autos dos processos. Os votos e decisões, antes de serem proferidos já são do conhecimento público e abertos à discussão.
Os jornais escritos e falados se apresentam demonstrando uma ansiedade pelo caos.
E o melhor exemplo vem agora, com os acontecimentos de 7 de setembro em que as ruas de todo o país foram ocupadas por grupos pró e contra o Presidente Bolsonaro que comparecendo a duas delas, as maiores, em Brasília e São Paulo, se manifestou de forma contundente proclamando a população contra membros do Poder Judiciário, causando um clima de insegurança social, com forte reflexo na economia, com a consequência natural no mercado financeiro com a queda das Bolsas de Valores e instabilidade no câmbio e toda a cadeia produtiva.
Além disso agrava ainda o movimento de caminhoneiros em prol de uma greve geral, com conotações de natureza politica inconsequente chegando ao cumulo de condicionar a paralização do evento ao fechamento do Supremo Tribunal Federal.
Ciente de sua responsabilidade como Chefe da Nação, o Presidente da República buscando aconselhamento em fontes moderadas como o ex-Presidente Temer, divulgou um Manifesto à Nação proclamando a paz e respeito à Constituição, além de ações conciliadoras com o STF, alvo das reclamações.
No meu entender, espero que essa atitude do Presidente tenha vindo para ficar, embora não seja do gosto de alguns dos seus aliados, pois o país está bem acima das contendas políticas, que podem ter o seu lugar, sem interferir nos altos interesses nacionais. Lamentavelmente uma grande parcela da mídia ao invés de enaltecer esse gesto presidencial, ao contrário procura até mesmo ridicularizar com comentários esdrúxulos torcendo sempre pelo negativismo.
Mas, o que me espanta é ver aqueles que se dizem aliados de Bolsonaro, e que deveriam torcer por seus êxitos, se juntar aos contrários que estão desesperados com essa atitude que poderá dar fim a uma crise que se avizinhava.
Já tive oportunidade de dizer, e repito, quando dei o meu voto a Bolsonaro, o fiz, certo de que o seu Governo poderia figurar no topo do ranking republicano, tendo em vista o seu perfil de seriedade, boa intenção, capacidade e patriotismo, condições essenciais para o bom desempenho. No entanto, a linha de confronto adotada ao gosto de uma parcela dos seus eleitores não se coaduna com o necessário para a governabilidade, e ao contrário, em nada contribui para o êxito que a maioria dos cinquenta e três milhões de votos depositados na urna em 2018 sufragando o seu nome, esperavam.
Não podemos desprezar a tenuidade que comanda a economia, vulnerável às ocorrências politicas e sociais com uma velocidade muito superior ao desempenho do setor produtivo, e o resultado imediato é sentido principalmente na classe média baixa de nossa população que sofre diretamente, com mais intensidade, a evolução do custo de vida, tudo isso por força de uma ridícula euforia por conta de troca de ofensas e farpas públicas, por quem deveria zelar pela estabilidade do país, já atingido mortalmente pela pandemia inesperada, que devastou a população mundial.
Estou certo de que, na história republicana brasileira, nunca ocorreram fatos como os que estamos vivendo, em que Presidente da República e Ministros do Judiciário se expõe em público, se digladiando, oferecendo um espetáculo dantesco que denigre a imagem do país interna e externamente.
Por isso, o meu grito de alegria ao ver que a razão deve estar pousando nas mentes desses personagens fazendo com que as suas ações signifiquem paz e tranquilidade ao nosso povo com o desenvolvimento do país, e o retorno dos grandes investidores para que a credibilidade do Brasil ocupe índices anteriormente já atingidos e que decaíram justamente em função dessas anomalias.
Portanto já que não pudemos enaltecer o sete de setembro condignamente, vamos comemorar esse dia oito de setembro em que o Manifesto à Nação signifique a retomada do caminho em prol de nossa querida Pátria que o seu povo tanto espera que seja justa, humana e solidária.
Não faço nenhuma cerimônia em destacar a falta de ” mineirice” no momento e que serviria para muitos no exercício de suas missões.
Como eu gostaria que os seus comentários chegassem ao Presidente Bolsonaro, quanta sensatez , vivência política, inteligência e perspicácia!O espírito das Minas Gerais atento e vigilante.
Obrigado.
O que entristece é ver uma imprensa dirigida ao negativismo tentando desqualificar um gesto que deveria ser destacado pela importância que pode trazer para todos nós.
Muito bom amigo, vamos divulgar!!! Abraço, Alfredo Silva
Caro Alfredo e toda a Corte,
Sensibilizado, agradeço a presença e comentários que muito me enaltecem.
Difícil momento.
O povo entendendo como derrota a negociação diplomática do Presidente.
Ótimo texto, abrs.
Miriam Travassos.
Obrigado Miriam pelas palavras que partindo de vc são muito significativas, em face de sua experiência no trato das letras. Como vc diz é um momento difícil, principalmente pela má vontade de alguns privilegiados setores que dão a informação de forma distorcida por interesses outros.
No livro “A arte da Guerra”, de Sun Tzu, que li ainda cadete na Academia da Gloriosa Polícia Militar de Minas Gerais, há uma passagem que diz: “O General que avança sem desejar fama e recua sem temer o descrédito, cujo único pensamento é proteger seu País e prestar um bom serviço ao soberano, é a jóia do reino.”
Se o povo foi às ruas no dia da Pátria para se manifestar, ao invés de apenas comemorar, como seria desejado, é porque a insatisfação com a violação dos preceitos de liberdade estabelecidos na Carta Magna e com aqueles que deveriam zelar por ela falaram mais alto. É bom que essa insatisfação tenha sido ouvida. Que os ânimos sejam serenados, que as Instituições sejam pacificadas e se respeitem e que o atendimento aos clamores públicos
se sobreponha às vaidades pessoais. Sigamos!
Caro Pelluso, brilhante a sua manifestação, ´principalmente na citação à inteligência de Sun Tzu. Lamento, apenas, que nem todos entendam a necessidade do governante saber harmonizar as sua ações, e nunca se submeter ao pensamento de um grupo, pois, depois de eleito é Presidente de todos os brasileiros.
Oi… Boa Noite! Neste seu texto, infelizmente, só salvou sua citação a Fernando Sabino! Nem tudo é perfeito… Porém há o consolo dos outros textos que foram excelentes. Aguardaremos o próximo! Grande Abraço,
Eng° Stefano Rodrigues de Pinho Tavares (31) 9 9979 8997
Oi amigo. Vc está enganado, para mim o que mais salvou, como sempre, foi a sua presença. Abraço