A frase do momento é a terceira via.
Qualquer pessoa que se apresente como candidato a Presidente da República, ganha as páginas da mídia como sendo a solução para a Terceira via que irá explodir a bi-polarização Lula/Bolsonaro.
A ultima aquisição do bloco eufemista é o ex juiz Sérgio Moro que se filiou ao Podemos com um discurso bem preparado para quem não é do ramo e se apresenta com ares de salvador da pátria.
Logo sai uma pesquisa acomodando as novidades e esse aparece em quarto lugar, sendo Lula em primeiro, Bolsonaro em segundo e Ciro em terceiro.
O resultado imediato é a formação de chapas e muitos dos que já haviam frequentado esse ranking montado passam a ser indicados para vices de um de outro, o que constitui um risco para seu perfil pois não entrando e retornando à posição anterior de solução do imbróglio já volta desgastado.
Tudo, no entanto, é alavancado pela raciocínio de quem se intitula cientista político e dá o seu pitaco ou de quem tem realmente essa formação acadêmica, mas aparece de vez em quando.
Iniciando pelo posicionamento de Lula disparado com 48% à frente de Bolsonaro com 28%, devidamente garantido pelos Institutos de Pesquisas insuspeitos, nos lembra do governo de Itamar em que por volta de janeiro de 1994 esses técnicos apontavam esse mesmo Lula, menos desgastado, com 42% e Fernando Henrique recém-lançado pelo Presidente com 3%, constituindo um pitéu para os cientistas da época. FHC ganhou garbosamente no primeiro turno.
Vimos no ano de 2018 em Minas Gerais a polarização de Anastasia e Pimentel ser devidamente atropelada pelo desconhecido Zema que as Pesquisas insuspeitas o apontavam no dia 1º de outubro com minguados 10% contra 33% de Anastasia e 22 %. Na apuração Zema surge com 42.73%, Anastasia com 29% e Pimentel com 23%. No segundo turno aquele que em 1º de outubro tinha 10% sai vencedor com 71.80% para o Governo e Dilma, para o Senado, que na mesma data liderava as pesquisas com 29% contra Carlos Viana com 20 % e Rodrigo Pacheco com 15%, com 15% perde para Rodrigo com 20.49% e Viana com 20.22%, totalmente contrário ao que os acadêmicos da politica divulgavam como certo e com muita superioridade apontavam para os destinos das Alterosas.
Mas voltando aos pleitos anteriores, 1989, Brizola liderava tranquilamente, nas pesquisas enquanto Collor ocupava o oitavo lugar e terminou vencendo nessa mesma eleição.
Haviam 23 candidatos a Presidente da República ( Afonso Camargo ( 0,56%), Guilherme Afif Domingos, ( 4,83%) ,Antônio dos Santos Pedreira ( 0,12%)Leonel Brizola (16,51%) Mario Covas ( 11.51%) Paulo Maluf ( 8,51%)Ulisses Guimarães (4,73%)Roberto Freire (1,13%), Aureliano Chaves (0,88%)Ronaldo Caiado (0,72%)Enéas Carneiro (0,53%)José Marronzinho (0,33%) Paulo Gontijo (0,29%)Zamir Teixeira (0,27%)Livia Maria (0,26%) Eudes Mattar 0,24%) Fernando Gabeira (0,14%) Celso Brant ( 0,16%)Manoel Horta(0,12%) e Armando Corrêa ( 0,01%). Fernando Collor no 1ºTurno (30,47%) e no 2º Turno (53,03%) e Lula no 1º Turno (17,18%) e no 2º Turno ( 46,97%).
Significa dizer que Collor recebeu no 2º Turno uma injeção de 22,56% e Lula 29,21%. Pergunta-se aos mestres dos números: de onde vieram os votos injetados para Collor e Lula?
É que no auge das pesquisas milagrosas, os que tinham menos de 1% nem eram considerados, mas representavam no todo 4,14%. A diferença entre Collor e Lula foi de 6,06%. E no 1º turno tivemos 1.63% e no 2º Turno 1.40% de votos em banco e 4,81% e 4.42% de votos nulos., sendo que em números absolutos foram 4649.897 no 1º turno e 4094.339 votos no 2º turno. Se fossem convertidos em votos válidos para quem seriam?
Recentemente, na memória de todos foi em 2014 em que Dilma liderava com Marina Silva em segundo e terminou com uma polarização estreita na eleição entre Dilma e Aécio que ocupava o terceiro lugar, sem maiores indícios de recuperação nas pesquisas e somente perdeu por não ter conseguido o apoio dos mineiros.
E finalmente em 2018 liderava o quadro eleitoral Marina Silva que acaba derrotada cedendo a posição para a polarização Bolsonaro e Fernando Haddad.
Portanto, é bom que os entendidos se acalmem porque vai ainda rolar muito àgua debaixo dessa ponte.
Toda essa explanação vale a pena recordar para alertar aos mais açodados que esse panorama desenhado hoje, não tem o menor significado. Pode até vir a ser uma realidade, mas não agora, pois existem muitos fatores a serem considerados.
Assim como o Plano Real surgiu inesperadamente e garantiu a vitória de FHC, mal colocado nas consultas dos institutos. O índice de rejeição dos candidatos, a evolução da economia no país, a estabilização social, a conjuntura mundial, e uma série de outros componentes influenciadores do processo podem mudar por completo o resultado desses estudos feitos por conta da realidade atual.
Me dizia o ex-governador Franco Montoro em uma conversa despretensiosa analisando o pleito de 1974, em que o MDB silenciosamente aparece com uma reviravolta e elege a maioria de senadores totalmente desconhecidos, como Itamar Franco prefeito de Juiz de Fora, que como se fosse no oceano, todo mundo somente olhava a superfície sem olhar a profundeza se movimentando.
Hoje a sociedade está mais atenta e já se discute política até nas maternidades, ao contrário dos velhos tempos em que o eleitor era conduzido.
Chega a ser hilária a matemática desenvolvida pelos analistas de plantão. Com muita autoridade mostram as equações eleitorais.
Moro vai tirar votos do Bolsonaro, porque tem muita gente que votou no Capitão e hoje não vota mais. Vai tirar votos do Lula para quem não quer votar no PT. Vai tirar votos do Ciro de quem não quer a polarização Lula/Bolsonaro. Mas, não vai ter votos em Minas porque o Rodrigo Pacheco vem com tudo de lá. Mas o Rodrigo Pacheco recebe o voto dos antigos bolsonaristas e dos que votariam no Ciro. Mas esses já não estavam prometidos para Moro e eram também direcionados para Ciro? Mas e as rejeições? E quem garante essa distribuição?
No pré-lançamento de Rodrigo Pacheco a euforia dos terceirosvienses (estou inventando esse termo) chegou ao ponto de compará-lo a JK. Agora sossegaram com a chegada de Moro e sabe-se lá quem mais poderá aparecer no caminho.
O fato é que, se vai existir um “ Principe da Terceira Via” terá que ser adorado por todos os que já assim se consideram e que a favor dele vão abdicar da candidatura, caso contrário, a soma desses votos constituída pela sobra dos de Lula ( se é que vai ser mesmo candidato…) e de Bolsonaro, não vai eleger ninguém, mantendo a polarização com grande vantagem para o Capitão, que tradicionalmente, por estar no exercício do cargo já sai na corrida, se não fizer nada, com índices de 25 a 30%
Esses números mostram a fragilidade desses prognósticos, ainda mais à longa distância.
Na minha terra, Juiz de Fora, uma figura bastante conhecida, o Adão, candidato a vereador quando era abordado por algum entendido que despejava verborragia sobre o futuro resultado das eleições, terminava a conversa dizendo: “O tempo dirão que vossa excelência tem razão, até treis de outubro” Esse sabia das coisas…
Excelentes as matérias postadas