Hoje, acordei pensando em analisar a fase eleitoral deste ano, mas me assustei quando senti uma mesmice nos fatos e nos personagens. A questão está na imutabilidade do clima reinante nos períodos eleitorais do nosso país. Tanto é assim que vou transcrever alguns pontos de um texto que publiquei há nove anos, precisamente em 30 de agosto de 2013 sob o título de “QUEM FALIU: A POLITICA, OS PARTIDOS OU OS POLÍTICOS?” e ver que nada mudou.
Dizia eu:
Quem pretenda analisar esse teorema fatalmente ficará sem resposta ou convencido de uma falência coletiva.
Evidentemente não poderá desprezar os pensamentos de Oto Von Bismarck no Parlamento Prussiano:
“Discurso de Prussian superior da casa (18 dez 1863)
: “Die Politik ist keine Wissenschaft, wie viele der Herren Proffessoren sich einbilden, sondern eine Kunst.”, ou seja:
“A política não é uma ciência, como os professores são capazes de supor. É uma arte.”
- Discurso de North German Reichstag (24 de setembro de 1867)
- “Die Politik ist keine exakte Wissenschaft.”, ou:
“A política não é uma ciência exata.”, e completa:
“A política é a arte do possível.”
Disse mais:
“Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada”.
O que pesa muito para nossa análise é a verificação da data em que essas palavras foram ditas: 155 e 159 anos. Meu Deus, como tantas mutações sociais, econômicas e tecnológicas não foram capazes de influenciar a atuação política no sentido de garantir o seu exercício dentro de um padrão ético e moral em que o interesse público sobreponha qualquer outro.
Fico abismado ao ver na imprensa noticia de que os partidos políticos estariam à caça de nomes para incorporar à legenda para se garantir e participar das eleições. assim como o estabelecimento de quotas mínimas de mulheres para a composição de chapas partidárias, por determinação legal.
Que é importante a participação feminina nas eleições não há a menor dúvida, mas o que vai garantir é o perfil da candidata, pois não há como obrigar o eleitor a sufragar esse ou essa candidata por força de lei. Por isso vemos um número insignificante de eleitas comparado com a quantidade de postulantes.
Ora essas agremiações necessitam ter certo número de filiados e, no entanto não dispõe de um nome adequado e em condições de representa-lo. Seja por que motivos forem, saem à procura de jogadores de futebol, técnicos, atletas de voleibol, artistas e apresentadores de programas de televisão como se fossem tábuas salvadoras.
Qual o significado disto? A falência dessas instituições. A descrença popular na elite representativa.
O que Bismark dizia em 1867 aplica-se nos nossos dias, sem nenhum aprimoramento, principalmente quanto à mentira.
O povo foi às ruas em protestos, cansado de tanta corrupção, do caos na saúde, nos improvisos da educação, do descalabro da segurança, de uma das mais altas cargas tributárias do mundo e, principalmente pela falta de perspectiva na classe política. Onde está o problema? Na escolha pelo eleitorado até hoje conduzido por aspectos externos sem uma aferição das reais condições do que vai receber os votos necessários para a eleição.
Já tivemos exemplos em 1960 como a eleição de Jânio Quadros, ocorrida no bojo de uma figura caricata, que aparentava, ao mesmo tempo, um defensor da moralidade, sem comprovar qualquer tipo de competência administrativa, mas conseguindo obter do eleitorado o seu apoio pela forma grotesca com que se apresentava.
O resultado dessa aventura oferece sequelas até hoje… Um desastre total!
Só ilustrando para os que não tiveram a desventura de viver àqueles tempos Jânio Quadros em suas passagens pelo Poder, oferecia espetáculos tipo:
Não, passou o cargo, em São Paulo, para sua sucessora Luiza Erundina porque preferiu passar o réveillon em Londres; pendurou uma chuteira em seu gabinete (para ilustrar o suposto desinteresse em prosseguir na política), proibiu jogos de sunga e o uso de biquínis fio-dental no Parque do Ibirapuera (onde era localizada a então sede da prefeitura), com frequência mandava publicar no Diário Oficial do município os célebres bilhetinhos enviados aos seus assessores, obrigou a direção da Escola de Balé do Teatro Municipal a expulsar alguns alunos tidos como homossexuais, aplicou multas de trânsito pessoalmente, posou para a imprensa com a camisa do Corinthians e fechou os oito cinemas que iriam exibir o filme A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese, por considerá-lo desrespeitoso à fé cristã, fatos amplamente divulgados na mídia nacional.
Mas, ainda assim era eleito vereador, duas vezes prefeito municipal da cidade de São Paulo, Governador do Estado de São Paulo e Presidente da República…E para completar, ele mesmo veio a confirmar essas sandices mais tarde, segundo contam, em episódio com o então Governador Fernando Collor, candidato a Presidência da República. Indo a Roma ou Paris, não me lembro ao certo, soube da presença na cidade do ex-Presidente Quadros e conseguiu ir ao seu encontro. Ao longo de uma conversa Jânio teria perguntado ao Governador, com aquela voz rouca e arrastada típica do seu perfil: O senhor é candidato à Presidência? Collor respondeu que estava sim nessa direção. Jânio lhe pergunta: Mas o Senhor não se acha muito novo para isso? Collor lhe respondeu respeitosamente que a sua idade era a mesma de quando se elegeu o ex-Presidente. Jânio lhe retruca: E o Senhor viu a “merda” que deu….
Será que estamos caminhando para isto?
Os eleitores paulistas, em 1959, deram uma votação estupenda (100 mil votos) para o rinoceronte Cacareco em protesto pela falta de qualidade dos demais concorrentes.
A campanha foi de iniciativa do jornalista Itaboraí Martins e ganhou as ruas.
Enquanto isto o país passava por uma situação político-econômico-financeira grave, como hoje, e o povo se dispondo a não encarar seriamente o exercício da cidadania elegendo seus representantes. Agora se anuncia o pleito da rejeição, de um lado por força dos destemperos verbais e do outro lado em função da folha corrida e prontuário penal. Creio que a escolha não estará tão difícil assim…..
Depois não adianta reclamar nem chorar….
Muito bom mesmo
Obrigado, amiga, por sua avaliação.
Obrigado Julimar
Parabéns , Ministro, pelas suas oportunas e importantes análises!
Obrigado pela presença.
Obrigado amiga
Prezado Henrique,
Você sempre cirúrgico, parabéns por tão nobres colorações!!!
Palavras amigas. Obrigado