ILUSÃO DE ÓTICA

Estamos vivendo um momento que seria inusitado se não houvesse precedentes.

Refiro-me ao quadro eleitoral em que, principalmente aqueles que deveriam estar municiando a população de notícias realmente fiéis aos acontecimentos o fazem eivados de conteúdo político ideológico que descaracteriza por completo a informação.

O problema maior está na incerteza das motivações de tal procedimento, quando não nos é possível definir até onde seja um posicionamento coerente com sua linha ideológica expressamente declarada ou em torno de interesses não confessáveis. Tivemos desde o ano anterior um instituto de pesquisa- de propriedade de um órgão com alcance em todo o país –  mensalmente apresentando resultados  apontando o ex-presidente, ainda preso cumprindo condenação criminal, como amplo favorito para uma eleição para  Presidência  da República com a inclusão de nomes de possíveis candidatos que até então não se declararam  como tal e, fazendo constar da pesquisa itens referentes à gestão do atual Presidente sempre no sentido de desqualificar e em período delicado da vida nacional com a explosão da pandemia do coronavírus.

Má fé ou campanha política antecipada?

O fato é que a tática da afirmação do fato consumado se baseia no “martelamento” contínuo de uma informação que embora produzida, passa a ser verdadeira e indutiva, principalmente no seio daqueles que são indecisos sobre a questão ou simplesmente não estavam se ocupando desse assunto.

O objetivo maior está em que o início do período eleitoral, com as candidaturas já postas, o mapa das pesquisas já traz o nome do ex Presidente como consolidado pelos índices anteriormente divulgados sem nenhum outro nome então declarado.

Coincidentemente víamos, quase que diariamente o noticiário sobre ações propostas pelos advogados do então presidiário, visando sua libertação, junto ao Supremo Tribunal Federal, pois o segundo grau já havia decretada a sua condenação, inclusive aumentando a pena. E todas elas foram rejeitadas, sem nenhuma restrição à jurisdição de Curitiba, até que passados cinco anos um Ministro decide, monocraticamente, anular as ações que motivaram a prisão por questão de incompetência daquela Vara, embora já confirmada pela Justiça Federal do segundo grau, para iniciar novamente na Vara Federal de Brasília já sabendo que, no caso, seria impossível em face de prescrição, merecendo ampla aprovação dessa mídia pesquisadora. E o pior é que tudo isso foi consolidado por todos os membros da Alta Corte.

Paralelamente, várias ações contra o Presidente da República eram encomendadas e muito bem recebidas pelos senhores magistrados de forma monocrática.

Um Plano silencioso muito bem executado.

Mas, como dizia o famoso Mané Garrincha quando Feola (técnico da seleção) o orientava sobre os dribles que deveria praticar sobre seus marcadores: “Mas o senhor já combinou com eles?”

O outro lado da questão está no fato de que o presidente Bolsonaro sai às ruas, come pastel ou pizza acompanhado de uma cerveja como qualquer um da população e quase não consegue comer pela aglomeração que forma a seu redor, Ciro Gomes, Simone Tebet, Luiz Felipe Avila ou Soraya saem às ruas ou viajam sem nenhum incômodo ao passo que o outro não consegue dar um passo do lado de fora de casa que ouve de pronto o refrão: “Fulano Ladrão o seu lugar é na prisão”.

Com Itamar Franco, ainda Presidente, atravessamos a pé a Praça da Sé em São Paulo, às 16 horas, sem nenhum segurança e o povo o aclamava à medida que passava.

Queria ver se esse outro teria como fazer o mesmo.

No entanto aquele instituto que não me permito nomear, diz que esse último tem 52% de votos contra 32 de Bolsonaro.

Em Brasília, Bahia, Pernambuco, Campo Grande, São Paulo, Minas Gerais, Manaus, Sergipe, Espírito Santo, Goiânia, Alagoas Bolsonaro agrega multidões a seu alcance e o instituto diz que o outro tem 52%!

Enquanto isso o TSE devidamente aparelhado com um corregedor focado em Bolsonaro adota todas a denuncias que o prejudiquem e a mais hilária está na proibição de fazer lives do Alvorada, residência oficial do Presidente, que já foi usada pelo outro, por FHC, Sarney, Itamar, Dilma, Collor, sem nenhuma restrição.

Nos debates em que compareceu, o outro, teve que responder a maioria das questões que eram colocadas a respeito da corrupção em seu governo sem convencer a ninguém pois se tratava de fatos comprovados.

Respondia, sempre, sem nenhuma cerimônia que foi inocentado pelo STF e pela ONU. Mentira deslavada pois o Brasil todo sabe que o STF, mesmo praticando ativismo judicial, não o inocentou, apenas através de amigos, conseguiu a anulação de seu processo em Curitiba para reiniciar em Brasília sem mencionar qualquer item de mérito e a ONU não faz parte da estrutura jurídica do país.

Os crimes foram praticados e o povo fará o julgamento, que o STF impediu, através das urnas.

Se não é verdade que em todos os lugares visitados, Bolsonaro se vê cercado de milhares de eleitores e se não é verdade que esse outro só se apresenta em lugar fechado por falta de público, preciso urgentemente consultar um oftalmologista pois estou com ilusão de ótica.

Finalmente registro o precedente a que me referi para não tornar tudo isso inusitado. Os mesmos Institutos em 2 de outubro de 2018 em Minas Gerais publicavam para o governo do Estado Anastasia com 32%,  seguido de Pimentel com 22% e Zema com 10%. Para o Senado Dilma com 29% seguida de Carlos Viana com 17% e Rodrigo Pacheco com 15%. No dia seguinte Zema foi eleito e Dilma ficou em quinto lugar. E do mesmo modo correu no Rio de Janeiro com Witzel que estava em terceiro lugar.

Quero ver a cara dos senhores desses Institutos na segunda feira.