31 de março: Data do movimento militar de 1964, festejada por uns e renegada por outros. O fato é que são indubitáveis os progressos ocorridos naquele período em diversas áreas no nosso país, queiram ou não, ao mesmo tempo em que, politicamente ficaram sequelas com consequências duradouras e, até mesmo insanáveis.
O que não é possível, no entanto é a consolidação de teorias pretendendo aplicar e comparar os episódios de 13 de março de 1964, na Praça da Estação do Rio de Janeiro e as Marchas por Deus e Liberdade com os acontecimentos deste ano no nosso país. E sempre presente um preocupante ameaça de uma implantação do comunismo ou equivalente entre nós.
O clima em 1964 era totalmente diverso de hoje. A sociedade totalmente perdida, sem noção dos acontecimentos por força da decepção com o desfecho do governo Jânio Quadros, tido como representante dos conservadores (UDN e etc..) e que no mínimo condecorou Che Guevara com a mais alta condecoração do país, além das besteiras quotidianas. Em verdade se não tivesse renunciado sofreria um impeachment dado que a composição do Congresso era de parlamentares eleitos com Juscelino Kubitscheck no Governo. Vale lembrar que à época a eleição para o Congresso não era juntamente com a do Presidente da República, por isso o Lider do Governo na Câmara era da minoria.
O vice, Jango, sonhador e dizem até os mais íntimos como seu cunhado Brizola, que dotado de certa ingenuidade política levado pela onda do trabalhismo acabou se perdendo abraçado às Ligas Camponesas etc. cercado de lideranças de esquerda sem nenhum controle sobre elas. O resultado foi aquele com a intervenção que culminou com os governos sob o comando dos militares que deixaram sua marca administrativa principalmente na área das comunicações.
No entanto, quanto à gestão política há reparos a fazer pois ficaram os chefes militares à mercê de lideranças, que buscando seus interesses pessoais, os assessoravam no sentido de eliminar os seus adversários.
Exemplo disso foi a cassação de Juscelino Kubitschek, – líder maior no PSD, que apoiou o movimento militar garantindo a eleição de Castelo Branco e José Maria Alckimin, – que nunca foi comunista, de perfil político e administrativo capitalista, mas, sacrificado para atender a corrente lacerdista que necessitava do seu banimento para não ser candidato em 1965. O resultado é que anos depois terminaram cassando Carlos Lacerda que, este sim, tinha em sua origem o comunismo, tanto que seu pai Mauricio de Lacerda lhe deu nome de Carlos em homenagem a Karl Marx e Frederico em homenagem a Friederich Engels, Werneck de Lacerda, mas com o tempo postava-se como anticomunista. Na realidade se mostrou ideológica e politicamente oportunista, buscando Juscelino e Jânio para a formação de uma Frente Ampla, em busca de possibilitar ainda a sua candidatura.
Hoje temos uma sociedade mais atenta e envolvida politicamente, haja visto o resultado das eleições presidenciais em que embora Lula tenha sido eleito com 60.345.999 milhões de votos, em verdade enfrenta a realidade de ter 71.211.854 eleitores que não votaram nele (soma de 58.206.354 dados a Bolsonaro e 13.000,000 de ausentes e cinco milhões de brancos e nulos) e a quem ele deve satisfações do que faz além dos seus seguidores, eventuais ou não, que são brasileiros.
Hoje não temos uma enorme parcela de inocentes úteis, silenciosa sujeita a suportar qualquer tipo de aventura como uma investida bolivariana que fatalmente seja a forma que for, ainda que sub-reptícia, não terá o apoio e a cumplicidade do Congresso, com uma maioria conservadora e uma minoria de progressistas ideologicamente não extremista, consoante com a população democrata e ordeira que representam.
Além disso haveria a necessidade do engajamento total dos governadores dos 26 estados e do Distrito Federal.
Por isso todos aqueles que vislumbrarem uma ideia maluca de implantar um regime totalitário, de esquerda ou de direita, entre nós, como se diz nos grotões de Minas Gerais. podem tirar o cavalinho da chuva que não tem lugar para eles.
O que mais entristece é ver o ponto a que chegamos de intolerância e perda de valores.
No agrado de ver, manifestação política, na mais pura de suas formas tenho o costume de ver o vídeo no Yutube de um debate na TV entre os senadores Roberto Campos e Luiz Carlos Prestes sobre o socialismo e o capitalismo.
Independentemente das opiniões ali elencadas é impressionante a beleza da postura de ambos, tranquilos, conscientes de suas aptidões, demonstrando toda a educação que trazem do berço permitindo ao ouvinte o deleite do que é oferecido.
Lamentavelmente o que vemos nos nossos dias são espetáculos de baixaria nas sessões do Legislativo e na mídia aberta ou de redes sociais. Só o tempo nos dirá o final de tudo isso.
Excelentes as matérias postadas