Leio hoje uma crônica de um colunista que cita o desacerto entre os Poderes da União e apresenta uma série de fatores que causam essa anomalia democrática.
Passo então a relembrar os meus tempos iniciais de convivência com a realidade politica do país, nos idos de 1962, na Brasília empoeirada, canteiro de obras, a Esplanada sendo erguida e esbeltos se mostravam o Palácio do Congresso Nacional tendo à sua esquerda o Planalto e à sua direita o Supremo Tribunal Federal.
Nessa época, um parlamentar se destacava por si só. Era reconhecido nas ruas e reverenciado em sinal de respeito pelo que representava. Era o que legislava e fiscalizava os atos do Executivo com desvelo e verdadeiro amor à causa pública. De acusações de maus feitos contra um deputado, não me lembro. Aliás, para não dizer que não havia cassações de parlamentares, salvo no período do governo militar, houve sim, no Governo do Presidente Dutra o afastamento dos comunistas e também do Deputado Barreto Pinto, por decoro porque publicou fotos tiradas no final de semana no Plenário do Palácio Tiradentes, no Rio de Janeiro, vestindo cueca, fraque e cartola.
Um Juiz de Direito, assim como um promotor, eram quase, apesar do exagero da comparação, um símbolo divino, acima de tudo , do bem e do mal. Mas, por isso mesmo não se conhecia denuncia de venda de sentenças, prevaricação e outras “cositas” mais. Um ministro de um Tribunal Superior então, nem pensar e só aparecia pelas fotos ou na passagem pelas ruas em direção à Corte à qual pertenciam. Mas, por isso mesmo, não viviam em matérias jornalísticas discutindo questões relativas a processos em tramitação. E muito menos emitindo palpites de caráter político e menos ainda dirigindo xingamentos contra seus pares.
Membros do Tribunal de Contas, nem eram conhecidos, limitando-se ao cumprimento de suas funções técnicas como órgão auxiliar do Congresso Nacional, a quem caberia a análise politica da matéria. Sobre esses também nunca se conheceu qualquer tipo de indicação de improbidade. Mas também não apareciam na imprensa antecipando julgamentos dos feitos ou emitindo juízo de valor sobre as matérias com avaliações politicas sem ter legitimidade para isso.
O Presidente da Republica, raramente se manifestava, a não ser discursando em solenidades, ou em pronunciamento oficial da Agencia Nacional e como autoridade máxima do país, merecia o respeito até mesmo dos políticos oposicionistas que apesar de com ele não concordar mantinham a postura condizente com a dignidade do seu cargo.
Hoje, vemos o contrário de tudo isso.. Ninguém respeita ninguém e nem a si próprio. É com pena que vejo nessa operação Lava jato, dirigentes das maiores empresas do país, a maior parte de idade avançada, sendo conduzidos, algemados, com toda uma história de vida desmoralizada.
E o país para onde caminha? As grandes empresas geradoras de riquezas, empregos, serviços públicos, emparedadas em função dos erros de seus dirigentes. Dir-se-á, mas por causa delas as obras não têm que parar, existe outras.. Ocorre que a tecnologia de ponta está nas mãos delas, nem todos tem competência para certos níveis de obras.
E o numero de desempregados cresce assustadoramente, a convulsão social se aproxima cada vez mais célere e os políticos, a quem cabe em ultima instância garantir o funcionamento desse gigante, os aliados do governo disputam nomeações e liberação de verbas e os da oposição jogam para a plateia torcendo pelo fracasso, sem pensar um só minuto do descalabro que pode infernizar a Nação.
Já vi e convivi com muitas crises, mas, sempre com um naco de esperança, pois cheio de alternativas.
Hoje, só rezando ……
Excelentes as matérias postadas