LUZ NO FIM DO TUNEL?

Convidado, compareci ao programa do meu amigo Alexandre Garcia na Globo News com a honrosa companhia do sociólogo e professor Sergio Abranches.

Ao finalizar o debate foi-me perguntado a respeito da possibilidade de haver uma “luz no túnel” para a solução da crise por que nós, brasileiros, passamos.

Claro que no curto espaço de um minuto não dava para discorrer sobre esse tema, razão porque, respondi suscintamente na forma do possível.

Agora, permito-me desenvolver um pouco mais sobre isto. Inicialmente eu resumiria a questão como fiz para uma repórter do jornal El País da Espanha que me questionou sobre o Impeachment.

Em resposta programei uma fórmula de parábola para o melhor entendimento da moça e que pudesse demonstrar o que consigo depreender da consciência do povo ante o grave problema em que nos afundamos. Disse a ela que o Impeachment está sendo tratado como uma vara de condão que as princesas nos contos de fada resolviam todos os problemas. Embora os fundamentos do processo sejam supostos crimes de responsabilidade praticados pela Presidente da Republica, motivos outros são elencados para justificar a aplicação desse remédio drástico previsto na Constituição para questões excepcionais. Assim há quem advogue o afastamento da Presidente porque o custo de vida está alto. Outros porque quer a gratuidade no uso dos transportes públicos. Outros como na votação na Câmara dos Deputados em nome da neta que vai nascer da família ou até mesmo pela Paz em Jerusalém conforme bradou um deputado pelo Distrito Federal.

O fato é que essa palavra passou a significar um santo remédio. Daí eu tenha dito para a repórter imaginar uma pessoa acometida de gripe e que passou a tossir. Foi à farmácia e comprou um xarope para a tosse. Tomou e sarou a tosse, mas a gripe continua. Assim é o Impeachment na forma que está sendo processado. A tosse é a Presidente que será afastada, mas os problemas vão continuar porque há um entrave politico insanável.

O afastamento do Presidente Collor foi precedido de uma investigação pelo Congresso através de uma CPI que motivou o processo nacionalmente.

Hoje, conforme venho discorrendo, não há um pensamento uniforme. A população está dividida e o pior é que nem todos que são a favor do impedimento da Presidente estão a favor da investidura do Vice Presidente, o que compromete visceralmente a governabilidade tão necessária à gestão do país.

Antes estávamos em processo de saneamento com problemas econômicos seríssimos com uma inflação acima de 5.000 % (cinco mil por cento) e que todos os instrumentos necessários para a solução pretendida podiam ser utilizados pelo governo. Daí o Presidente empossado, Itamar Franco, ter exigido de todos os partidos políticos o compromisso da governabilidade, distinta do apoio partidário a seu governo, sob pena de renunciar, para que pudesse buscar as soluções reclamadas. Todos concordaram porque o objetivo era um só: sanear o país.

Hoje, ao contrário, temos uma disputa partidária em busca do poder. O Poder pelo Poder, como já vaticinou o Ministro Joaquim Barbosa há tempos.

A prova disso é a voracidade dos partidos em busca de Ministérios, sem deixar o mandatário escolher a sua equipe na forma ideal com pessoas qualificadas. E estão agindo agora porque dependendo do sucesso de suas postulações darão resposta na votação que está pendente no Senado; Ou seja, os mesmos que votaram pelo impedimento na Câmara, em favor da investidura do Vice Presidente não têm a menor cerimonia de propugnar o seu afastamento se não forem aquinhoados com suas pretensões.

Qual é a luz no final do túnel conforme perguntou Alexandre Garcia? Nenhuma, porque até o momento vemos um apagão em face dos mesmos costumes, os mesmos filmes com os mesmos artistas.