O Presidente Bolsonaro padece pelas interpretações que fazem de suas falas, pois o fato de ser espontâneo e sincero às vezes o impede de ser mais elucidativo.
A questão referente aos governadores nordestinos por exemplo, bem ou mal ele se referia a um governador explicitamente, o da Paraíba. A interpretação dirigida foi a de que estaria sarcasticamente denominando todos os Chefes de Estado do Nordeste.
Agora o foco eleito pelos amantes da repercussão distorcida é o comentário feito por ele a respeito da ANCINE (Agencia Nacional do Cinema).
O Presidente Bolsonaro não desqualificou o filme e muito menos a atriz Debora Seco, reconhecidamente uma grande profissional e pessoa humana inatacável e também não fez qualquer avaliação sobre a validade da película e seus objetivos morais ou culturais e muito menos indicou qualquer tipo de censura. Quem quiser produzir esse tipo de filme não está impedido de fazê-lo, desde que seja com recursos próprios, até mesmo por ser um sucesso cultural e econômico, conforme se alega. A sua fala é dirigida para uma seleção diferente na aplicação dos recursos da ANCINE.
Sugiro, além disso, que deveria ser estabelecido um sistema de financiamento com clausula de risco, pelo qual tendo um bom resultado comercial o retorno financeiro seria compartilhado com a ANCINE, ao invés de um mero patrocínio em que o lucro é exclusivo do produtor. O filme em questão tem aspectos positivos e negativos, cabe ao espectador analisar, mas a exemplo de grandes filmes como as tradicionais super. produções da Metro, Universal, Fox e outras, deveria ter outra fonte de recursos para sustentar o empreendimento.
Quanto as alterações anunciadas para o órgão, basta uma ligeira verificação para concluir que algo está realmente errado por ali. A tese adotada principalmente à época do Governo FHC era a de que as Agencias teriam muito melhores resultados que órgãos da administração direta, além de serem mais reduzidos e menos dispendiosos.
No caso da Ancine, a exemplo de outras tantas criadas e que andam por aí sem saber o porquê de sua existência, torna-se necessária uma visão empresarial que jamais se coadunaria com a sua realidade. Examinando o seu organograma, vemos além das diretorias, 4 Secretarias, 5 superintendências, 44 coordenações, dentre elas uma de Coordenação de Qualidade de Vida e Bem-estar (de quem??). Em sua programação para 2020 encontramos certos itens que nos espantam, da ordem de um milhão para atender despesas com shiatsu (ginastica) psicólogos, consultoria ergométrica (?) nutricionistas, exames e consultas médicas de servidores, quando por menos desse valor poderiam ser melhor atendidos através de um Plano de Saúde empresarial e uma previsão de oitenta mil reais para compra de caneta esferográfica, que um cálculo matemático nos aponta uma aquisição de duzentas unidades por dia.
Pelo que se vê, a quebradeira do país não é somente em face do que a Lava Jato investiga e aponta, esses penduricalhos legalmente constituídos também contribuem e muito.
Se o Presidente tiver tempo pode botar uma lupa que vai encontrar muita coisa por aí. Uma dica: só no Tocantins a quantidade de máquinas de terraplanagem abandonadas pelos canteiros de obras federais desativados é espantosa.
Esse país é muito forte senão já teria falido.
Parabéns pelo artigo! A imprensa ataca o Presidente Bolsonaro sem antes fazer uma análise minuciosa, como o senhor fez, dos motivos que o levam a criticar a agência. Infelizmente, não há isenção nas matérias e os motivos nós também sabemos. Mas isso deve ser tema de um próximo post, certamente!