Com o advento da Informática tem ocorrido, como sói acontecer, o esvaziamento de algumas profissões, como ocorreu na Revolução Industrial na Inglaterra com o invento das máquinas têxteis que causou um grande índice de desemprego de operários em todos os níveis.
Por aqui um setor que tem sentido bastante essa transformação é o da imprensa escrita que perde campo para a televisão, redes sociais através da internet, sites, blogs, canais, etc…
Como consequência tem sido divulgadas as inúmeras demissões de atrizes e atores tradicionais e repórteres das empresas de comunicação.
É nesse contexto que procuro entender a proliferação de certas profissões que foram invadidas por egressos das originais das quais foram alijados. Eu me refiro aos repórteres políticos que, com todo o direito, em busca de novas oportunidades de trabalho, se apresentam como cientistas políticos escudados na experiência do dia a dia no Congresso, no Executivo ou mesmo no Judiciário. Eu mesmo, conheço vários deles que, à época em que Chefiei a Casa Civil da Presidência da República, já transitavam pelos corredores e pelos salões do Legislativo e que sem nenhuma dúvida se especializaram e, hoje, fazem um bom trabalho. No entanto, outros, pode ser até com bons propósitos, sem capacidade para o exercício profissional, utilizam-se desses instrumentos e contribuem negativamente, como formadores de opinião, para a estabilidade sócio-político-econômica do país.
É necessária uma reflexão sobre o analista e o cientista politico que são coisas diferentes. Para o analista, bastando que tenha uma boa compreensão do mundo político não se exige uma formação acadêmica ao contrário do cientista que ultrapassa os limites permitidos ao mero analista. Para o exercício profissional do cientista politico é fundamental a sua base de conhecimento inclusive da Teoria Geral do Estado, sem o que lhe faltará legitimidade para externar as suas opiniões. Apenas para ilustrar temos que levar em conta que desde a antiguidade Aristóteles e Platão já buscavam entender e organizar o meio politico e Maquiavel com o seu fantástico livro o Príncipe em que estuda o modo de como um governante deve agir, ainda hoje é indispensável no estudo da ciência política. O motivo dessa divagação é o meu proposito de mostrar que as questões relativas à politica não pode ser tratada no varejo, no eu achismo, de forma rasteira como se vê por aí.
Nessa facilidade de se tornar dono de um canal no Youtube, por exemplo, qualquer um se julga no direito de se intitular Cientista Político e através de seu site distribui uma série incontável de besteiras e não sei a que título, consegue, segundo ele, mais de mil seguidores que ficam inebriados com os seus ensinamentos. Uma das pérolas que tive o desprazer de ouvir de um desses “doutores” é a de que a Constituição não vale nada e não tem que ser respeitada se o povo for para a rua e disser que não quer. Outra pior ainda é de que intervenção militar, se for pedida pelo povo nas ruas não é golpe é legítima. E no seu rastro um gama de ingênuos vai multiplicando a asneira.
Hoje vejo uma manchete do Correio Braziliense “especialista diz que Sem Moro Bolsonaro fica refém de Guedes”. Que análise foi feita para uma afirmação dessa? Justifica pelo fato de que politicamente o Presidente estaria sem sustentação politica e que Moro e Guedes que o mantém. Ora, é um raciocínio primário passar para a sociedade a ideia de que dois ministros são os responsáveis pelo Poder do Presidente eleito por cinquenta milhões de eleitores.
Do mesmo modo a supervalorização da demissão do Ministro não leva em conta uma frase do General Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, que com seu sotaque arrastado de cearense respondeu a respeito de uma demissão: “o cemitério está lotado de insubstituíveis.”
Agora os especialistas se ocupam de decidir se o Presidente pode ou não nomear um Diretor da Policia Federal que seja amigo de sua família, e o pior, repercutem um pedido de um deputado que não tem um mínimo de prurido em requerer ao Supremo Tribunal Federal para impedir esse ato administrativo.
Estive lendo os trinta pedidos de impeachment contra o Presidente Bolsonaro, e todos eles sem nenhum embasamento jurídico, não mereceram um estudo técnico por parte dos cientistas políticos que se apresentam, a favor ou contra, não importa, mas que demonstrasse ter sido estudado antes de se manifestar. Se não o fizeram só uma conclusão: má fé ou despreparo.
Que bom se estivéssemos mais preparados para enfrentar os problemas que nos assolam
Excelentes as matérias postadas