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Volto ao Tema após assistir a Entrevista do Ex Presidente ao Jornal Nacional e o Debate dos Presidenciáveis na TV Bandeirante.
Embora eu entendesse que a Rede Globo, quando ocorresse a entrevista com Lula, estaria na obrigação de repetir o Tribunal de Inquisição submetido ao Presidente Bolsonaro, de fato não aconteceu. Ao contrário, de forma exagerada e escancarada mostrou ao que veio, com a postura parcial de seus apresentadores oferecendo ao entrevistado a chance necessária para a sua verborragia. O Inquisidor na primeira intervenção se transformou no 12º Ministro do STF ao dizer que “de todas as acusações, sem provas, anuladas pelo STF o senhor nada deve à Justiça”.
Em primeiro lugar só mesmo esse Inquisidor sabe que as provas foram anuladas, que o ex Presidente foi inocentado e nada deve à Justiça. Esquece que o Ministro Relator, o Mágico, depois de passar uns dois anos participando da tramitação das ações em curso na Vara de Curitiba , legitimando a jurisdição, em dado momento determina que a Vara não era competente e anula os atos ali decididos, mas claramente sem ter a coragem necessária para inocentar o Réu dos ilícitos praticados e sobejamente comprovados, limitando-se a dizer que ele voltaria a ser julgado pelos mesmos crimes em outra Jurisdição, mesmo sabendo do risco da prescrição que, em ocorrendo não tem o condão de apagar a roubalheira praticada. Se assim fosse, os seis bilhões de reais devolvidos teriam que ser ressarcidos aos ilegítimos donos.
Também há que se indagar se as condenações feitas pelos TRF4 e STJ foram ilegítimas e anuladas.
Mas, na verdade, mesmo com o suporte dado pela dupla inquisidora, o entrevistado gaguejou e mostrou a sua fragilidade diante do tema da corrupção chegando a pretender provar para a sociedade que ele foi o maior perseguidor dos ilícitos “de todos os tempos” com a criação de vários órgãos de segurança, listando inclusive, como seu, o COAF que foi criado no governo do FHC. Um ponto muito notado foi que ao inverso do que aconteceu na entrevista ao Presidente a dupla permitiu que o visitante usasse a totalidade do tempo que lhe fora destinado, sem interrupção e sem réplicas e com o semblante de ternura se admirava das bravatas que eram distribuídas pelo depoente.
Era Mefistófeles vestido de “Anjo Gabriel”
Veio então o debate dos candidatos na Rede Bandeirante. Em que pese a boa intenção dos organizadores o número excessivo de debatedores impede a apresentação dos planos dos candidatos, sobrando pouco tempo nas manifestações de cada uma além das agressões de caráter pessoal que parecem ser as preferidas.
Com isso aquele momento que deveria significar um acontecimento cívico se transforma em um picadeiro no qual maior valia será daquele que melhor se prepara para ofender e humilhar o contundente.
Na verdade, não consigo aquilatar a vantagem para um candidato comparecer a esse evento, principalmente para os que melhor se apresentem nas pesquisas publicadas, pois a tendência natural diante desse quadro é que os pretendentes em menor aceitação tudo farão para desqualificar os que lhes possam sobrepor.
Enquanto isso o pobre o eleitor, ainda indeciso, fica sem nenhuma possibilidade de conhecer os planos dos candidatos para a sua escolha e é nesse momento que os aproveitadores entram em campo.
O maior exemplo está ocorrendo entre nós quando há mais de um ano determinados institutos apresentam pesquisas apontando o ex-presidente com um favoritismo absoluto sobre todos os demais sem nenhum motivo aparente que justifique essa posição. O objetivo está justamente para apresentar um fato consumado para aqueles que não se incluem dentre os declaradamente partidários e que na indecisão vão optar para os nomes que são martelados aos seus ouvidos diariamente como vencedores.
Por isso temos vários casos em que, como na eleição de 2018 em Minas Gerais diversas pesquisas foram continuamente divulgadas apontando a candidata petista ao senado antecipadamente vencedora e que ocupou o terceiro lugar na eleição.
Pode ser que eu esteja muito enganado desprezando os números oferecidos, mas as imagens divulgadas não só nas motociatas como em todas as manifestações populares com a presença do Presidente Bolsonaro e a ausência do ex Presidente Lula nas ruas e a inexpressividade das poucas manifestações das quais participa, não me permitem pensar de outra forma e me dirigindo ao indeciso, que como eu disse não gosta de perder, esteja certo de que esses dados fantasiosos são produzidos em sua direção e não refletem um mínimo de realidade.
As campanhas já estão nas ruas e pelo que já demonstram nenhuma novidade trarão e não havendo muito crescimento das demais candidaturas estaremos diante de uma grande possibilidade de o pleito ser decidido em primeiro turno com a vitória de Bolsonaro.
Sem dúvida poderei ser brindado com vários adjetivos por esta afirmação que é feita com a maior isenção, fundamentada unicamente na experiência que me dá legitimidade para um entendimento matemático do assunto.
O tempo dirá…
Muito bom. Coincide com minha opinião, inclusive quanto à inutilidade da realização desses debates após o advento da Internet e redes sociais. Já sabemos TUDO que pretendem, se presidentes. E temos certeza de que só realizarão dez por cento.
Então, os debates servem, apenas, para o corpo-a-corpo sujo e ofensivo. Não acrescenta, é deprimente ver pessoas de expressão se ofendendo publicamente .
Parabéns, Henrique Hargreaves.
Um abraço.
É verdade. E o pior é que sempre foi assim. Recordo-me de um debate em campanha de anos atrás que eu fiquei pasmo ao ver troca de ofensas entre personalidades que eu respeitava como Franco Montoro, Ulysses Guimarães, Plínio de Arruda Sampaio e outros mais. Eu pensava: “para que se expor dessa maneira?”
Parabéns nosso eterno Ministro pela lucidez e oportunidade desse artigo. Grande abraço, daquela que te admira , Ângela Pace
Enviado do meu iPhone
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Obrigado minha querida amiga. È sempre estimulante ver seus comentários.