200 dias

Ao completar seis meses de governo o Presidente Bolsonaro tem bastante material para analisar e decidir os rumos a serem tomados.

Inicialmente ao divulgar os nomes de sua equipe, ganhou ampla aprovação com a inclusão de generais de exército, de esplêndida formação profissional e moral ilibada que chegavam no momento certo em que a população farta de desmandos e ilegalidades ansiava por novos tempos.

Ao mesmo tempo ao permitir ou silenciar frente aos pronunciamentos do Astrólogo Olavo de Carvalho unido ao filho mais novo em ataques ao núcleo militar, ganhou um desencanto de seus aliados na eleição que confusos passaram a não entender os fatos totalmente desconexos com a realidade que se esperava vir.

Em boa hora, nomeia o General Rego Barros para assumir a função de porta voz do governo que em pouco tempo demonstrou uma capacidade de comunicação fantástica aliviando o ambiente conturbado que se criou em um tempo em que todo mundo falava e ninguém comunicava. Ele reúne todos os ingredientes necessários a um bom porta voz. Educado, elegante, tem e demonstra personalidade e principalmente conhecimento e completo domínio sobre o que fala.

Por outro lado, no momento em que mais necessitava ajustar o convívio com o Congresso ficou demonstrado não ter uma base parlamentar sólida, mas ao contrário, com a ideia de inovação, se servia de calouros na política, eleitos à custa do rolo compressor de sua campanha,  e que necessitavam pelo menos de um período de estágio para galgar a posição de liderança. O resultado não constitui nenhuma surpresa ao deparar com uma completa desarticulação política contida pela atuação do Presidente da Câmara que graças ao seu relacionamento com as lideranças partidárias, de fato, experientes, mais eficientes que as de direito, conseguiu o apoio indispensável para ajustar a máquina até então travada e emperrada. E para sua sorte não encontrou pela frente um desejoso de lhe fazer sombra e tomar o seu prestigio e que, apesar de determinados momentos de conflitos, por conta de declarações açodadas, ganhou um aliado de peso que pelo menos até o momento tem sido um fiel protagonista.

Tudo isso vai se ajustando, desde que o próprio, protagonista maior também se ajuste. Alguns excessos não podem continuar ocorrendo sem o risco de contaminar o todo.

Há quem diga que ele não ouve a ninguém, nem mesmo aos mais próximos.

Perdoem-me, mas, isso é uma balela. Que tenha personalidade forte, seja “cabeçudo”, voluntarioso e desmedido, tudo pode ser, mas não pode e nem é um irresponsável inconsequente que venha a pôr tudo a perder. Ele sabe o que está fazendo e tem um projeto próprio a executar. Resta saber o que é, na realidade, e aqueles que parecem não ser ouvidos estão ao par de tudo e estão cansados de saber e compartilham “ tintim por tintim” e por se tratar de uma estratégia, no que aliás são bastante treinados, se fazem de moucos. Temos que torcer para que a armação seja realmente boa. Não fosse assim, homens como General Augusto Heleno e General Villas Boas, não estariam ao lado do Presidente por mero diletantismo

Factoides, todo político usa como instrumento estratégico de desviar a atenção de determinado foco.  O Presidente Itamar Franco usava e abusava na produção desses fatos e chegava às vezes a se divertir com a repercussão, valendo destacar que sempre se tratava de questões de menor importância, mas sempre com alguma repercussão de natureza política.  Por isso ainda hoje, não raro, sou abordado para relatar os bastidores referentes a ocorrências que foram divulgadas e debatidas, mas que na realidade nunca existiram.

No momento, a questão com maior repercussão é a indicação do Deputado Eduardo Bolsonaro para a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos, o que poderá ou não ocorrer, mas o fato é que até agora nada foi oficializado nesse sentido. Outro pitel para o apetite dos comensais dos factoides é a reeleição em 2022(???). Nem completamos 2019!!!Mas talvez por conta da repercussão de suas falas o Presidente, vai em frente soltando suas provocações, embora às vezes dê algumas escorregadas que deveriam ser evitadas, principalmente porque na verdade não expressam o que realmente pensa, como a referência de “ paraíbas” aos governadores do Nordeste e o descuido de falar com alguém sem observar se os microfones estão abertos, o que demonstra uma falha injustificável de sua assessoria. Lembro-me do episódio da parabólica que derrubou um Ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco.

Mas enquanto tudo isso ocorre, no silencio, a economia vai tomando o seu rumo, a infraestrutura está sendo cuidada apesar dos poucos recursos ainda disponíveis, as privatizações estão em curso, a polícia federal continua enquadrando os fora da lei, a saúde está virando coisa séria, as invasões de sem-terra, sem teto e congêneres vão desaparecendo, os investimentos iniciam seu retorno e os índices de desemprego vão reduzindo.

Antes de julgar as atitudes do Presidente Bolsonaro prefiro considerar as suas pretensões e acreditar numa dose de maquiavelismo, que aceito e sempre procurei adotar no desempenho de minhas missões.

Para finalizar transcrevo duas citações do Príncipe para as quais recomendo uma meditação:

Há três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis……………………………………

Tendo o príncipe necessidade de saber usar bem a natureza do animal, deve escolher a raposa e o leão, pois o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender da força bruta dos lobos. Portanto é preciso ser raposa, para conhecer as armadilhas e leão, para aterrorizar os lobos. ”

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